SAG. Pereira Coutinho passa a deter 95% após OPA

Empresário está impedido de lançar OPA potestativa, não podendo adquirir as ações restantes.

João Pereira Coutinho passou a deter 95,05% da SAG na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a empresa, onde já detinha 88,088% do capital. Isto significa que, conseguiu comprar mais de 25 milhões de euros de ações da empresa, equivalente a 14,94% do capital, investindo cerca de 1,56 milhões de euros.

O empresário tinha lançado a operação com a contrapartida de 0,0615 euros por ação e tinha como condição de obter 90% do capital da sociedade. Pereira Coutinho fica impedido de lançar uma oferta potestativa, ou seja, não pode adquirir as ações remanescentes, independentemente da manifestação de vontade dos acionistas minoritários e ao direito destes últimos venderem as suas ações a um acionista dominante. Feitas as contas, ficaram 8,4 milhões de ações nas mãos de outros acionistas, correspondentes a 4,98% do capital da SAG.

A ideia é sair de bolsa depois de ter estado 21 anos a negociar nos mercados, no âmbito de um plano de reestruturação e recuperação da empresa.

A OPA de João Pereira Coutinho à SAG foi anunciada no passado dia 30 de abril no âmbito da venda da SIVA (que comercializa as marcas Volkswagen, Audi e Škoda em Portugal) à Porsche Holdings (sociedade pertencente ao Grupo VW), pelo montante simbólico de um euro, um processo que deverá estar concluído até 30 de setembro deste ano e que pressupõe a saída da SAG do setor automóvel.

No âmbito deste processo, a SAG conseguiu um perdão de dívida de CGD, BCP, Banco BPI e Novo Banco. Só depois deste perdão, é que os bancos garantem que serão reembolsados dos restantes créditos, embora ainda sujeitos a “cláusulas de regresso de melhor fortuna ou de remissão adicional, em função do desempenho económico e financeiro da SAG”, chegou a referir em comunicado.

Além disso, haverá ainda a mais perdão de dívida até ao “montante necessário para que a situação líquida da SIVA não seja negativa, sendo esse montante determinado na data do fecho da Transação, mas com o valor mínimo de 100 milhões de euros”. Ao mesmo tempo, os bancos têm ainda de assegurar até ao final deste no “garantias bancárias para garantir a importação de viaturas e peças pela SIVA”.

Já em agosto passado, Pereira Coutinho admitia o “risco acrescido para o anormal desenvolvimento das atividades” e não escondia que estava em causa a sustentabilidade do grupo, que poderia mesmo pôr em causa a continuidade “do negócio da subsidiária SIVA”. 

O grupo automóvel SAG Gest registou prejuízos de 186,8 milhões de euros em 2018, o que representa 13 vezes mais do que os 13,8 milhões de euros negativos de 2017. Já a dívida líquida ascendeu a 70,1 milhões, o que representou um aumento de 1,1 milhões face aos 69 milhões reportados no final de 2017. A empresa conta ainda com cerca de 600 trabalhadores.

Em 2008, Pereira Coutinho chegou a ser o quinto homem mais poderoso da economia nacional. Mas a partir daí, começou-se a assistir à queda do império do empresário .