Salvar a democracia representativa dos seus males

A cidadania que se ensina nas nossas famílias e nas nossas escolas, mas que se exerce nas nossas ruas, faz de Cascais um concelho mais responsável e mais coeso

por Carlos Carreiras

No passado dia 5 de dezembro, assinalámos o Dia Internacional do Voluntariado para homenagear os nossos voluntários e voluntárias que, de forma abnegada, investem o seu tempo, o seu saber, a sua experiência, o seu amor e carinho em prol dos outros.

No auditório da Casa das Histórias Paula Rego, oito testemunhos inspiradores de voluntários de Cascais deram a conhecer outros tantos projetos de voluntariado ativos no concelho. Uma pequena amostra do muito que se faz nesta matéria no concelho em áreas tão diversas como o Ambiente, Cultura, Bem-estar Animal, Apoio Social e muito mais.

Em Cascais, temos muitos voluntários em várias áreas, desde o ambiente ao bem-estar social. Mais de 10% da nossa população está ativa em ações de voluntariado. O trabalho que fazem não poderia ser feito por uma equipa de executivos, vereadores ou mesmo colaboradores.

As variantes da Democracia Participativa e da Democracia Colaborativa, entendendo-se a primeira como o empoderamento dos cidadãos por canais de decisão e representação diretos e a segunda como o resultado da interação de associações, coletividades, teatros, unidades de saúde, grupos de voluntariado e outros, tendo a comunidade como princípio e fim de toda iniciativa.

Tenho tido a felicidade e o orgulho de, em Cascais, liderar uma comunidade que muito rapidamente tomou posse destes princípios da democracia participativa e colaborativa. É essa experiência adquirida, é essa cultura democrática ancorada em cada cidadão e organização da sociedade civil que nos permite funcionar em rede, confiar nos outros, saber que enquanto eu cuido da comunidade há alguém do outro lado do concelho a fazer exatamente o mesmo, para que nenhum esforço seja vão.

Cascais foi e tem sido um exemplo nacional no combate à pandemia. Eu não tenho dúvidas de que tal acontece, também, porque as redes formadas pela democracia colaborativa permitiram dar uma resposta com capilaridade e proximidade. Ao mesmo tempo, também não tenho dúvidas de que mobilização para a ação promovida pela dinâmica do OP, o sentido de missão para o bem comum, foi decisivo para que uma geração inteira de jovens e menos jovens se voluntariassem para estar na primeira linha de apoio aos mais fragilizados.

A cidadania que se ensina nas nossas famílias e nas nossas escolas, mas que se exerce nas nossas ruas, faz de Cascais um concelho mais responsável e mais coeso. Uma unidade política que sabe para onde vai e que tem dado algumas lições de maturidade importantes.

O empoderamento das populações tem este resultado positivo para a Democracia. As pessoas fazem as escolhas, são responsáveis por elas, pensam pela sua própria cabeça e tomam posse da coisa pública.

Esse é, talvez, o legado mais importante da Democracia Participativa e da Democracia Colaborativa. E aquele que, em última análise, vai salvar a Democracia Representativa dos seus males.