Semáforos de Lisboa custam um milhão

Sabia que o Hospital de Santa Maria em Lisboa gasta em energia o equivalente à cidade de Beja? E que a Câmara Municipal de Lisboa paga um milhão de euros por ano pela energia consumida pelos semáforos?

estes são alguns exemplos que filipe vasconcelos, director geral da agência para a energia – adene, revela ao sol para explicar que portugal tem urgentemente de tomar medidas para reduzir os consumos de energia. o responsável refere mesmo que se estão a criar mecanismos para que casos como estes consigam reduzir para mais de metade os consumos energéticos, incluíndo no sector imobiliário.

no caso do hospital de santa maria, depois da aplicação da portaria 60/2013 do decreto-lei 29/2011, que abrange a certificação energética na administração pública, prevê-se poupar 30% da energia na unidade hospital. no final, o que vai consumir será equivalente à cidade do fundão.

em relação aos semáforos da cidade de lisboa, a adene está a preparar com a autarquia a utilização de um outro tipo de tecnologia, que irá permitir uma redução no consumo de energia na ordem dos 80 a 90%. a factura a pagar passará a ser de 100 a 200 mil euros por ano.

mas filipe vasconcelos garante que, além da aplicação da certificação energética na administração pública, se forem implementadas todas as medidas de incentivo à eficiência o país poupa mil milhões de euros num ano.

o director geral da adene revela ainda que se está a preparar uma nova regulamentação, para ajudar a que a certificação energética e os incentivos sejam mais perceptíveis. «não é uma medida para ser obrigatória, mas sim para que se crie um incentivo real à redução do consumo energético, sem dificuldades de compreensão», explica.

a preocupação da adene pela redução energética do país é grande e não é por acaso que, em 2014, portugal irá presidir às agências de energia europeias. o director destaca que é um passo muito importante para o país: «vamos estar na essência dos recursos de apoio à sustentabilidade energética. também é um período muito relevante, sobretudo com a formalização da entrada da rússia na rede de agências de energia da europa».

modernizar o edificado com construção sustentável

filipe vasconcelos adianta ainda que é uma prioridade da adene apoiar toda a rede da reabilitação urbana. para o responsável é fundamental que a modernização do edificado seja realizada de acordo com os parâmetros da sustentabilidade, porque só assim se consegue poupar. «a eficiência energética dos edifícios é fundamental para que o consumo seja reduzido. tornar as casas melhores e com mais conforto», salienta.

no seu entender existe claramente uma evolução na construção. se nos anos 60, 70 e 80 houve uma explosão na construção, com um declínio na qualidade dos edifícios, a partir dos anos 90 verificou-se uma melhoria. «começou-se a perceber que é necessário construir com preocupações ambientais e sobretudo com uma construção mais sustentável. por isso a adene não se centra só nas certificações dos edifícios, mas também nos próprios produtos, como por exemplo as janelas. tentamos mostrar como podem utilizar produtos que ajudam a melhorar o consumo e que nem por isso o custo é mais elevado», explica.

projecto espera revolucionar o mercado da energia

outro projecto que está em cima da mesa e é candidato ao qren é o geosol. trata-se de uma plataforma inovadora, que ambiciona revolucionar o mercado da energia em portugal. «com este projecto vamos avaliar o potencial solar de todas as casas do país», admite filipe vasconcelos.

trata-se de uma plataforma computacional de geogestão do parque solar em portugal, que irá mapear e divulgar o potencial solar de coberturas de edifícios em meio urbano. desenvolve ainda um sistema de cadastro e registo georreferenciado de sistemas solares em operação, e implementa um programa de monitorização de instalações solares e previsão da produção a partir de dados de monitorização real. os responsáveis do projecto sabem a 25 de fevereiro se irá ser apoiado e implementado.

o geosol é desenvolvido por um consórcio de entidades nacionais, integrando a adene e a faculdade de ciências da universidade de lisboa, sob a chancela do programa mit portugal; e as tecnológicas safira, focus bc e closer.

renováveis permitiram poupar 612 milhões em 2012

a gestão da energia é um tema emergente na economia portuguesa. segundo o balanço da associação portuguesa de energias renováveis e da quercus, relativamente à produção de electricidade em portugal continental, em 2012 a produção de electricidade de origem renovável em regime especial (pre-fer) permitiu poupar 540 milhões de euros na importação de combustíveis fósseis (gás natural e carvão) e 72,4 milhões de euros em licenças de emissão de co2.

no total, a produção de electricidade renovável permitiu uma poupança de 612 milhões de euros. este valor corresponde a menos 212 milhões de euros do que em 2011, devido à diminuição do preço do carvão e da tonelada de co2 nos mercados internacionais.

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