Shell deve pagar mil milhões de dólares para limpeza do Delta do Níger

A petrolífera Shell deve comprometer-se a pagar mil milhões de dólares para iniciar a limpeza do Delta do Niger (Nigéria), atingido por duas fugas de petróleo devastadoras em 2008, segundo um relatório da Amnistia Internacional hoje divulgado.

O grupo anglo-holandês, a mais antiga petrolífera a laborar na Nigéria, reconheceu em Agosto passado a sua responsabilidade nos derramamentos de petróleo que afectaram profundamente a vida da comunidade de pescadores de Bodo, na Ogoniland.

Depois de terem tentado, durante anos, obter indemnizações e uma limpeza adequada da zona, a comunidade Bodo (com cerca de 69 mil pessoas) apresentou uma queixa nos tribunais britânicos.

A Amnistia Internacional (AI) e o Centro para o Ambiente, os Direitos Humanos e o Desenvolvimento (CEHRD) apelam agora à Shell para entregar imediatamente o dinheiro no sentido de reparar os estragos causados por duas falhas no oleoduto Trans-Niger, que provocaram derramamentos em vários meses do ano de 2008.

«É tempo desta sociedade, que vale muitos mil milhões de dólares, assumir as suas responsabilidades e puxar os cordões à bolsa» para as operações de limpeza, disse Aster van Kregten, investigadora da AI para a Nigéria.

O gigante petrolífero anglo-holandês anunciou nos finais de Outubro um aumento dos seus ganhos líquidos em quase sete mil milhões de dólares no terceiro trimestre do ano em curso.

«A incapacidade da Shell em resolver imediatamente e limpar os derramamentos de petróleo em Bodo arruinou a vida de dezenas de milhares de pessoas», sublinhou Aster van Kregten.

A Shell informou, entretanto, em comunicado, que «já está a aplicar muitas das recomendações do relatório». Quanto aos montantes em causa, a petrolífera diz que assunto está a ser analisado pelos tribunais, no Reino Unido.

Lusa/SOL