numa “declaração” enviada à agência lusa, o advogado nuno morais
sarmento, representante de jorge silva carvalho, diz que esta reacção
surge “por causa das interpretações erradas e propositadamente
descontextualizadas das afirmações feitas” anteriormente pelo
ex-responsável do serviço de informações estratégicas de defesa (sied).
“a
autorização superior mencionada em declarações referia-se a um programa
de parceria com empresas nacionais estratégicas, em geral, e não,
obviamente, a uma autorização para o envio de informação a empresas em
particular, muito menos à ongoing”, refere o documento.
o advogado
nuno morais sarmento adianta que silva carvalho, nesta fase, “não se
poderá defender publicamente mais do que isto, mesmo que tal o penalize
aos olhos do público, mas fá-lo-á em sede de comissão parlamentar, não
prestando mais declarações públicas até lá”.
“uma vez esclarecida a
situação, pelas entidades e nos locais competentes, o dr. jorge silva
carvalho estará livre para empreender, no local e sede próprios, as
ações judiciais tendentes ao apuramento de responsabilidades pela
campanha caluniosa de que tem sido alvo […]”, conclui.
esta
posição de jorge silva carvalho surge no dia em que o semanário expresso
escreve que “jorge silva carvalho assumiu esta semana que terá
divulgado informações a responsáveis da ongoing, seus actuais patrões,
quando ainda era director do sied, um dos braços dos serviços de
informação do estado”, quando antes tinha negado “em absoluto”.
entretanto,
o chefe do governo, pedro passos coelho, revelou na sexta-feira que não
houve ordens do ex-primeiro-ministro josé sócrates e do
secretário-geral do sistema de informações da república portuguesa
(sirp) para o fornecimento de dados ao grupo ongoing.
passos
coelho, em nota enviada à lusa pelo seu gabinete, especifica ter
solicitado esclarecimentos “por escrito” ao secretário-geral do sirp,
depois de o jornal público ter noticiado que o anterior director do sied,
jorge silva carvalho, “transmitiu informações ao grupo ongoing, para o
qual foi contratado após ter saído das ‘secretas’, com autorização do
então primeiro-ministro”, josé sócrates.
“do esclarecimento
prestado pelo secretário-geral do sirp resulta que a notícia carece
totalmente de fundamento, uma vez que nem da parte do primeiro-ministro,
nem do secretário-geral do sirp, houve quaisquer ordens ou orientações
no sentido referido pela notícia em causa”, diz passos coelho.
o
ex-primeiro-ministro josé sócrates esclareceu também na sexta-feira,
através de um porta-voz, que nunca teve relações directas com o antigo director do sied, negando que alguma vez o tenha autorizado a passar
dados à ongoing.
em causa está a alegada transferência de
informações por parte do então diretor do sied para a empresa ongoing,
onde trabalha actualmente, noticiada pelo expresso na sua última edição.
segundo o jornal, o ex-director do sied terá passado à ongoing
informações relacionadas com dois empresários russos e sobre metais
estratégicos, antes de abandonar a chefia dos serviços, em novembro de
2010.
jorge silva carvalho pediu uma audiência à comissão
parlamentar dos assuntos constitucionais, direitos, liberdades e
garantias para prestar esclarecimentos, que decidiu ouvir primeiro o
presidente do conselho de fiscalização dos serviços de informação,
marques júnior.
lusa / sol