Síndrome de Estocolmo

Paira a dúvida sobre se o Governo recuou realmente, ou não, na retirada do 14.º mês a pensionistas e funcionários públicos. Mas Miguel Relvas admitiu negociar o assunto.

portanto, a medida era negociável e não incontornável como quis fazer crer o ministro das finanças, e muita gente acreditou. o problema é que estamos dispostos a acreditar em tudo o que for austeridade e tragédia, como uma inevitabilidade dos tempos. resignados, olhamos o matriarcal casal merkozy que nos governa da europa e ansiamos por lhe corresponder aos anseios, numa atitude de sequestrados com síndrome de estocolmo.

vamos ao ponto de olhar com ódio um primeiro-ministro grego que, a compor os cacos do antecessor e perante a oposição obstinada em que esse antecessor se lançou, teve um assomo democrático de um referendo que incomodava os planos merkozy. e ficamos até satisfeitos por esse papandreou desaparecer e dar lugar aos gregos do costume, que puseram o país naquele estado, mas não vêm com inoportunos pruridos democráticos.

acreditámos mesmo que as grandes economias emergentes poderiam estar interessadas em investir num fundo europeu, no qual a alemanha, sua primeira beneficiária, não põe um tostão dos seus imensos excedentes financeiros…

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