Staff Benda Bilili: Para lá das aparências

Fazendo jus ao nome, no sábado à noite, na Casa da Música, no Porto, os congoleses Staff Benda Bilili convidaram o público a abandonar os preconceitos e a deixar-se levar pela força da sua música.

quando há um ano encerraram o festival músicas do mundo de sines, o grupo congolês tornou claro que a sua energia vibrante só poderia encontrar equivalente num público festivaleiro com fogo de artifício à mistura. restava a dúvida: como se comportaria a magia artesanal, a paixão quase primitiva destes músicos ensaiados no zoo de kinshasa num ambiente de câmara como o da casa da música?

mesmo em atmosfera familiar – houve casais a bailar e crianças em palco na sala 2 da casa portuense – o ritmo dos peculiares funk e soukous (adocicado pela sonoridade riscada da guitarra de lata construída pelo membro mais novo) dos staff benda bilili continua o mesmo: absolutamente irresistível. e longe, muito longe, do fascínio national geographic de ver uma banda de rua apoiada em muletas e cadeiras de rodas, consequência da poliomielite, dançar e fazer dançar uma assistência ocidental.

o entusiasmo do público deu direito a três encores, entre os quais a surpresa de uma versão muito própria da canção ne me quittes pas de jacques brel (à semelhança da igualmente contagiante je t’aime, com referências a sex machine de james brown). descobertos pelo produtor belga vincent kenis da crammed discs (impulsionador da série congotronics), a música dos staff benda bilili é ainda maior que o título do seu album très très fort (2009). é demasiado forte.

aisha.rahim@sol.pt