Swing, um excitante segredo partilhado por cada vez mais casais

Leonor e Francisco têm um segredo que os «uniu ainda mais»: trocam de casal em festas organizadas pela comunidade swinger, nas quais se faz (muito) sexo, mas também «grandes amizades».

ela tem 24 anos e ele 28. a viverem juntos há dois anos, chegaram a esta prática «por curiosidade». começaram por ir ver as festas, onde encontraram «gente bem disposta a divertir-se» e «sem tabus».

os locais são secretos e só os membros da comunidade os conhecem. em lisboa, porto e coimbra há meia dúzia de discotecas que só funcionam para a comunidade swinger e apenas abrem as portas para estes encontros, normalmente temáticos.

estas festas, garantem, têm em comum com todas as outras da noite portuguesa a música, o bar, as luzes. mas distinguem-se pela existência de um privado onde se pode trocar de parceiro sexual.

a troca não é, contudo, fácil. todos – os quatro – têm de estar de acordo. se o homem vê uma mulher que lhe agrada, mas não à sua parceira, nada feito. e é este acordo implícito que, diz quem pratica, garante a «fidelidade» aos princípios do swing.

se o espaço é semelhante ao das outras discotecas, as pessoas são substancialmente diferentes: «elas vão mais despidas, os homens com roupas mais explícitas», disse francisco.

muito corpo e roupa interior provocante à vista e uma atitude descontraída e «muito sensual» marcam a diferença. postura que obriga a um cuidado permanente com o corpo e não permite desleixos.

como explica leonor, as mulheres normalmente cuidam-se para o verão: «nós estamos sempre bem tratadas».

os homens também têm atitudes proibidas: «é normal ao fim de uns anos de casados, os homens ganharem barriga e desleixarem-se. aqui não há espaço para isso».

francisco enumera ainda outra diferença: «nas outras festas [não swing] está toda a gente com vontade de partir a louça, mas não o faz. nós fazemos o que queremos, porque o queremos».

os mais novos fazem mais o que querem e com quem querem, pois têm mais opção. «uma pessoa com 50 anos não tem tanta escolha», adiantou.

e são cada vez mais novos os swingers portugueses: a maior parte dos 3.000 casais registados no site que se apresenta como «o mais activo e em mais rápido crescimento da península ibérica» tem entre 22 e 35 anos.

a internet é, aliás, a principal porta de acesso a este mundo e é através dela que, segundo um dos administradores do site, os casais são «certificados».

o objectivo desta «certificação» é garantir, nomeadamente, que os casais são quem dizem que são, o que «é possível, graças ao recurso a webcams e outros instrumentos».

tudo isto para garantir a «privacidade» por que anseiam os swingers portugueses, que se destacam dos de outras nacionalidades pela discrição.

«portugal é o país mais interessante para o swing», disse o administrador, que solicitou anonimato.

este responsável sublinha que os swingers portugueses buscam o bom das festas, mas essencialmente o equilíbrio numa vida stressante.

«estamos enfiados um dia inteiro no escritório, com grandes responsabilidades, mas durante o tempo que estamos nas festas de swing não pensamos em mais nada».

leonor e francisco garantem que não é só o sexo o motor que busca estes casais, mas reconhecem que a maioria troca de parceiro nas festas e é sobre esse tema que comunica na internet: «fazem-se grandes amigos».

 

sandra moutinho, da agência lusa