Temer dá o dito por não dito e alvitra que vai ser candidato presidencial

Isto apesar de o atual ocupante do Palácio do Planalto ter taxas de aprovação abaixo dos 4% dos eleitores

A possível candidatura de Michel Temer, que afirmou querer assim proteger o seu legado, obtém muitas resistências não só dos partidos aliados que sustentam o atual governo brasileiro, mas até do partido do atual presidente, que tomou o poder depois de um polémico processo de impeachment que demitiu a presidente eleita pelos brasileiros. 

Apesar disso, na reunião da executiva nacional do PMDB, na passada quarta-feira 21 de março, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, fez uma defesa apaixonada da candidatura de Temer. Na reunião à porta fechada, Marun garantiu que o atual ocupante do Palácio do Planalto tem “todas as chances”de ganhar. “Eu disse que precisamos de nos preparar para isso”, confirmou o ministro ao “Estadão”. 

O atual presidente do partido de Temer, Romero Jucá, não manifestou a mesma dose de entusiasmo do seu colega de partido. Jucá considera que o PMDB tem de ter um candidato próprio às eleições, mas que essa pessoa pode não ser Michel Temer, dado a sua enorme impopularidade nas sondagens, em que é cotado com taxas de aprovação que vão dos 4 até aos 6%. 

Nesse sentido, Michel Temer pretende aproveitar a aprovação de 76% dos habitantes do Rio de Janeiro da intervenção militar nesta região, segundo garante uma sondagem da Datafolha, para lançar a sua candidatura presidencial. 

Isso dependeria provavelmente do sucesso rápido da ação do exército na capital carioca, coisa que a maioria dos sondados acredita que não se está a verificar: 71% afirmam que até agora a intervenção do exército não fez qualquer diferença em relação à insegurança que se vive naquela região do Brasil. 

O Rio de Janeiro passa por uma grande crise económica, com reflexos diretos na segurança pública. Desde junho de 2016, o estado está em situação de calamidade pública, sem verbas para pagar aos polícias, contratar novos efetivos previstos para a PM e reparar as viaturas e outros materiais necessários ao funcionamento das forças da ordem. Falta de tudo, desde pneus a peças de motores, munições e coletes antibala.

Neste ano de 2018 já morreram 31 elementos da polícia militar e em 2017 foram mortos 134, isto considerando apenas a região do Rio de Janeiro.

O aumento da violência levou também ao aumento do número de pessoas que foram assassinadas no Rio de Janeiro pela polícia: em 2017 foram 1124.

Foi esta a realidade que denunciou a vereadora assassinada Marielle Franco.