Testemunhas acusam PSP de violência excessiva em detenção no Seixal

Testemunhas acusaram hoje a PSP de utilizar violência excessiva para proceder à detenção de um jovem no bairro da Boa Hora, mas a Arrentela era hoje à tarde uma localidade tranquila e sem presença visível das forças policiais.

Alguns moradores no bairro da Boa Hora, na Arrentela, concelho do Seixal, afirmaram hoje à Lusa que os incidentes que se seguiram à detenção do jovem no passado sábado, não são mais do que um grito de revolta pelo que consideram ser a violência excessiva utilizada pela PSP.

Após a detenção do jovem e de alegadas agressões ao mesmo por parte de elementos da PSP, alguns moradores terão incendiado uma viatura ligeira no sábado à noite, e um autocarro dos TST (Transportes Sul do Tejo) no dia seguinte.

A Lusa contactou hoje a PSP no sentido de responder às acusações dos moradores, mas fonte da polícia remeteu todas as informações a prestar para um comunicado divulgado ao início da tarde.

Tudo terá começado após um jogo de futebol entre as equipas de futebol de juniores do Arrentela e do Pinhalnovense, em que terão ocorrido algumas picardias entre atletas dos dois clubes, que se prolongaram depois do jogo, mas sem consequências graves.

Segundo duas pessoas que se intitularam testemunhas dos acontecimentos, o jovem avançado do Arrentela, Dutchu, de 17 anos, terá sido abordado por uma patrulha da PSP à paisana quando abandonava o complexo desportivo, tendo sido violentamente agredido sem que tivesse tido qualquer comportamento menos próprio.

«Conseguiram pô-lo no chão, começaram a dar-lhe socos na cabeça», disse à Lusa Jorge Santos, um jovem que diz ter assistido a tudo a poucos metros de distância.

«Como ele não queria entrar no carro, começaram a apertar-lhe o pescoço, estavam a prender-lhe a cabeça contra a porta, depois lá conseguiram pô-lo dentro do carro, mas um (polícia) que estava atrás continuava a bater-lhe» acrescentou Jorge Santos.

Maria Celeste, que também disse que estava no local quando ocorreu a detenção, também considerou que houve excesso de violência por parte da polícia, embora reconheça que o jovem ofereceu resistência quando recebeu ordem de detenção.

«Eu estava ao pé do muro, ao pé dos futebolistas – eles estavam todos com pedras na mão e eu estava à espera do meu sobrinho, para o trazer para casa. Nisto olho, vejo um carro a parar – o moço que foi agredido ia a atravessar –, a polícia à paisana saiu, atirou logo a mala do miúdo para o chão», disse.

«Eles [os polícias] desataram logo à porrada ao miúdo, à chapada, ao pontapé, com o cassetete, e mandaram o miúdo para o chão para o algemarem», acrescentou.

Em comunicado hoje divulgado, o Comando Distrital de Setúbal da PSP anunciou a PSP anunciou que iria manter um dispositivo policial no bairro da Boa Hora, na freguesia da Arrentela, concelho do Seixal.

O comunicado refere os incidentes relacionados com os incêndios numa viatura ligeira de passageiros e num autocarro, ocorridos sábado e domingo à noite, mas nada diz sobre a detenção do jovem Dutchu, que, alegadamente, terá provocado a ira de outros jovens residentes no bairro da Boa Hora.

O Comando Distrital da PSP de Setúbal refere ainda que já está a decorrer uma investigação, para apurar os autores dos ilícitos, que, dada a natureza dos crimes, envolve a Polícia.

 

Sol/Lusa