Transgénicos: embaixador afirma que EUA respeitam políticas de cada país

O embaixador dos EUA em Lisboa destacou hoje que Washington «envolve-se regularmente» com os países europeus em questões económicas e comerciais, nomeadamente relacionados com a biotecnologia agrícola, sem deixar de respeitar o direito dos Estados às suas próprias políticas.

Allan J. Katz reagia a declarações de fonte do Governo regional dos Açores, que considerou que o embaixador «exorbitou» as suas funções quando escreveu ao governo açoriano a apelar para que não proíba o cultivo de organismos geneticamente modificados no arquipélago.

Em resposta enviada à agência Lusa, o embaixador Allan Katz realçou que os EUA se envolvem «com os países da UE regularmente sobre questões económicas e comerciais, incluindo a biotecnologia agrícola».

«O nosso objectivo principal é partilhar informações que ajudem os outros países a tomar decisões informadas. Temos conhecimentos e experiência com a agricultura biotecnológica que vamos continuar a partilhar com os nossos parceiros comerciais em todo o mundo», afirmou o embaixador.

Katz salientou que os EUA continuam «a respeitar os direitos dos países a desenvolver as suas próprias políticas e leis».

Numa carta enviada nos últimos dias de Dezembro ao presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, a que a Lusa teve acesso, o embaixador norte-americano em Portugal, Allan Katz, manifestou «grande preocupação» pela intenção anunciada do Governo dos Açores de proibir o cultivo de transgénicos na região e apelou às autoridades para que os «agricultores açorianos tenham acesso à mesma tecnologia que já é usada no resto do país e do mundo».

Por seu lado, o Governo dos Açores considerou «impróprias» as observações do embaixador, frisando que «exorbitam as funções de um representante diplomático».

«As observações do embaixador dos EUA tornadas públicas são impróprias, pois e não serão respondidas pelo Governo Regional», afirmou uma fonte oficial do Executivo regional à Agência Lusa.

A fonte frisou que «nos próximos dias», na sequência da aprovação em Conselho do Governo, chegará ao parlamento açoriano uma proposta de Decreto Legislativo Regional que «aplica ao território dos Açores os normativos comunitários relevantes para a regulação da utilização agronómica e na indústria agroalimentar dos organismos geneticamente modificados e dos produtos deles derivados».

Neste diploma, o executivo adopta «uma posição claramente precaucionaria», restringindo «a cultura, sementeira, plantio ou criação, por qualquer método ou técnica, de organismos geneticamente modificados, à excepção da produção ou introdução para fins de investigação científica ou desenvolvimento tecnológico de manifesto interesse público ou em outras condições excepcionais».

Lusa/SOL