Tuberculose afectou 48 crianças no ano passado

Em 2010 foram diagnosticados 48 casos de tuberculose em crianças menores de 15 anos, quase todas residentes nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, revela um relatório da Direcção-geral da Saúde (DGS).

dezassete destas crianças tinham menos de cinco anos e apenas seis crianças tinham nascido no estrangeiro, adianta o relatório para o dia mundial da tuberculose (24 de março), a que a agência lusa teve acesso.

em 2010 foram diagnosticados 2.559 casos de tuberculose em portugal, o que representa uma redução de 11% relativamente à taxa de incidência definitiva em 2009.

em 71% dos doentes, os pulmões estavam atingidos e, entre estes, 5,3% tinham também lesões em outros órgãos.

a ocorrência de «formas graves» de tuberculose em crianças com menos de 15 anos, critério major para ponderar a manutenção da vacinação universal pelo bcg, foi notificada em dois casos: um de tuberculose do sistema nervoso central (não meníngea) e um de doença disseminada.

o número de casos em estrangeiros mantém-se estável desde 2004, sendo que a proporção relativamente aos nacionais tem vindo a aumentar (em 2010 foram notificados 397 casos entre novos e retratamentos, ou seja, 16% do total).

esta proporção é das mais baixas da união europeia (que tem, no seu conjunto, 23,6%, sendo em nove países mais de 50% e em quatro mais de 80%).

estima-se que a taxa de incidência da doença na população estrangeira em 2010 foi de 87/100 mil, o que significa que têm 3,5 vezes mais probabilidade de contrair tuberculose do que a população geral.

a infecção vih/sida é o «factor de risco mais importante para o desenvolvimento de tuberculose activa», sendo de extrema importância a realização do teste vih nas pessoas com tuberculose.

em 2009, o teste cobriu 87% dos casos de tuberculose, confirmando-se a prevalência da infecção vih em 15% (391 casos), o que representa um decréscimo de 45% nos últimos 10 anos.

«é a maior prevalência registada em toda a união europeia, predominando nos distritos de faro (15%), setúbal (18%) e lisboa (20%). a maioria dos casos (81%) está concentrada nas áreas metropolitanas de lisboa e porto», refere a dgs.

até 31 de dezembro de 2010, a tuberculose foi a principal causa de morte entre as pessoas com vih/sida, tendo sido responsável por 41% dos óbitos, segundo dados do núcleo de vigilância laboratorial e doenças infecciosas do instituto nacional de saúde dr. ricardo jorge (insa).

relativamente à população reclusa, foram notificados 31 casos no ano passado. «apesar de corresponder a uma descida acentuada que se verifica nos últimos anos, traduz-se numa taxa ainda muito elevada (188/100mil) e num risco de oito vezes maior que a população geral».

outro grupo de risco, segundo o documento, é os profissionais de saúde. a prevalência da tuberculose multirresistente neste grupo é cerca de três vezes maior do que na população em geral, observa a dgs.

«o facto de ser profissional de saúde parece ser o único factor de risco independente, associado à multirresistência, além do factor ‘ter tratamento anterior’ como sugerem os estudos efectuados na região de lvt», acrescenta.

lusa/sol