Vingança de Erdogan já atingiu 50 mil turcos

Entre as medidas de retaliação anunciadas ontem está a revogação da licença a 24 canais de rádio e TV alegadamente ligados a Gulen.

Menos de uma semana depois do golpe militar falhado, mais de 50 mil pessoas já foram identificadas pelo governo turco como cúmplices da revolta. Na terça-feira, professores, reitores universitários e jornalistas juntaram-se, segundo a BBC, a uma lista maioritariamente composta por militares, juízes e outros funcionários do Estado.

Tal como o presidente Recep Tayyip Erdogan avisara na própria sexta-feira, quando por todo o mundo as televisões transmitiam a tentativa de golpe em direto de Istambul e Ancara, o governo está convencido que há um nome responsável pela tentativa de derrube do regime: Fethullah Gulen, o influente clérigo que já foi um importante aliado de Erdogan e que agora, radicado nos EUA, é acusado de dirigir um estado paralelo através da sua rede de influência que abrange escolas, aparelhos de segurança do Estado e os meios de comunicação turcos.

“É uma organização terrorista”, repetiu ontem o primeiro-ministro Binali Yildirim, prometendo “escavar até às raízes” do grupo responsável pelos acontecimentos de dia 16. Nos EUA, Gulen lembra que foi vítimas de vários golpes militares na Turquia e diz ser “ridícula” a acusação que o envolve no sucedido. “Peço ao Governo dos EUA para rejeitar qualquer esforço de abuso do processo de extradição em benefício de vinganças pessoais”, disse o clérigo em resposta aos sucessivos pedidos de Ancara para que Washington envie o inimigo do regime.

Entre as medidas de retaliação anunciadas ontem está a revogação da licença a 24 canais de rádio e TV alegadamente ligados a Gulen. E a juntar aos mais de seis mil militares detidos, nove mil agentes da polícia e três mil juízes, os meios de comunicação social anunciaram ontem a chegada das represálias ao setor da Educação.

Segundo a BBC, 15200 professores e outros profissionais da área da educação foram despedidos. Isto a nível do ensino escolar, pois nas universidades foram relatadas as saída forçadas de 1577 pessoas, incluindo reitores. No Ministério do Interior, onde a purga se iniciara logo nas horas seguintes ao golpe falhado, foram dispensadas.  O mesmo aconteceu a outras 1500 pessoas no Ministério das Finanças.

No próprio gabinete do primeiro-ministro foram 257 os castigados como cúmplices de um golpe que deixou 232 pessoas mortas e mais de 1500 feridas.