o documento abre caminho à substituição da actual força de manutenção de paz das nações unidas por um contingente mandatado para combater os grupos rebeldes em acção na região – alguns apoiados por nações vizinhas, como o ruanda e o uganda. ao longo do último ano, uma rebelião protagonizada pelo movimento m23, com ligações ao ruanda, causou dois milhões de refugiados. em novembro, a principal cidade do leste congolês, goma, foi tomada pelo movimento.
o secretário-geral da onu, ban ki-moon, que assistiu à assinatura do acordo, irá defender a proposta junto do conselho de segurança. segundo a imprensa internacional, uma eventual resolução tem aprovação garantida. as nações da sadc (comunidade para o desenvolvimento da áfrica austral), bloco que inclui angola e moçambique, têm 3.000 soldados prontos a embarcar para o congo. maputo já aprovou o envio de um contigente.
apesar do acordo alcançado em adis abeba, o conselho de segurança da onu continua «inquieto» perante o agravamento da situação no terreno.
esta semana, registaram-se combates no interior do território controlado pelo m23 – um sintoma de tensões no seio do grupo rebelde. o movimento encontra-se agora dividido entre os homens de sultani makenga, chefe militar do m23, e os apoiantes de bosco ntaganda, procurado pelo tribunal penal internacional. esta cisão poderá dificultar as negociações entre o movimento e kinshasa. a violência impede ainda que a ajuda humanitária chegue às populações afectadas.
há anos que o leste do congo é palco de uma sucessão de guerras e rebeliões sangrentas que opõem grupos étnicos e políticos na luta pela controlo de um território rico em ouro, tungsténio e columbita-tantalita (conhecido como coltan, este mineral é um recurso fundamental para a indústria electrónica mundial, sobretudo no fabrico de telemóveis). a sucessão de guerras e rebeliões é caracterizada por um elevado grau de violência que inclui a utilização de crianças-soldado, a mutilação de populações civis e o uso da violação sexual como arma. a longa crise regional é, no entanto, largamente ignorada pelo resto do mundo.