A Islândia é uma estreante nestas andanças. Nunca pisou os relvados de uma competição deste nível, tem pouca (ou quase nenhuma) tradição futebolística, mas esta terça-feira, diante de Portugal, conseguiu arrancar um empate (1-1) no Estádio Geoffroy Guinchard em Saint-Etiene.
E como se explica uma estreia portuguesa tão amarga? Simples: o gelo "alto" islandês – nove titulares da Islândia tinham mais que 1.85 metros- congelou a criatividade lusitana, que optou por cruzar mais vezes em vez de jogar pelo chão. Curiosamente foi daí que Portugal abriu o marcador. Numa jogada iniciada pela direita entre Vieirinha e André Gomes(o melhor em campo, diga-se), Nani, que aproveitou o lugar deixado por Quaresma, estreou-se a marcar em europeus aos 31'. Antes já tinha aproveitado um cruzamento de Ronaldo, que igualou as 127 internacionalizações de Luís Figo, mas Halldórson com os pés, tirou o pão da boca do jogador do Fenerbache. Parecia que a chave para destruir a organização defensiva – sempre em 4-4-2, bem juntinhos – dos homens do norte da Europa estava descoberta. Mas não seria justo não referir o que aconteceu 29 minutos antes. Sigurdsson, jogador do Swansea, e estrela desta equipa, passou pela defesa portuguesa e obrigou Rui Patrício a aplicar-se. Ui, ui estava dado o aviso.
Em toda a primeira parte Portugal foi sempre superior, com um João Mário e Danilo muito apagados (o jogador do Porto a certa altura só tinha ganho um de doze duelos aéreos) mas outra dupla, a dos laterais Vieirinha e Guerreiro melhoraram o rendimento do meio-campo da equipa liderada por Fernando Santos, dando verticalidade ao jogo português.72% de posse de bola para a Portugal e a vantagem no marcador. Tudo normal, portanto.
E se os primeiros 45 demonstraram que Portugal iria igualar a Hungria no primeiro lugar, os segundos contrariam o favoritismo português. O jogo tornou-se demasiado directo e os islandeses iam sorrindo, tanto que aos 51' fizeram a igualdade: Bjarnason, completamente isolado, marcou o primeiro golo do seu país em europeus. A temperatura em França começava a descer (e muito).
E até aos 85', quando Ronaldo aproveitou um cruzamento de Nani para cabecear a figura do guardião islandês, Portugal, que rematou muito mais sim, não conseguiu alterar um resultado que desapontou os milhares de adeptos presentes no estádio – e tantos outros milhões que acompanham a seleção nacional. Nem Quaresma, o melhor jogador nos jogos de preparação, conseguiu fazer a diferença quando entrou aos 75' – igual ao "Mustang" estiveram Renato Sanches e Éder, que pouco ou nada adiantaram à partida.
Vai ser preciso mais do que dizer "vencer" se Portugal quer ambicionar a conquista do seu primeiro europeu. E não é só dentro de campo que isso terá de acontecer: nos 90 minutos foram os islandeses que se fizeram ouvir. Ficou mais fria a presença lusitana em França, mas ainda há tempo para a tornar bem calorosa.
Notícia atualziada às 22h48