Sócrates garante que a sua carreira política não terminou

“Tudo isto não podia ter acontecido sem motivações políticas”

O ex-primeiro-ministro acusou hoje o diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) de “arrogância” e adiantou que a sua carreira política ainda não chegou ao fim.

As declarações de José Sócrates surgem poucas horas depois de Amadeu Guerra afirmar em declarações à SIC Notícias que o despacho de acusação da “Operação Marquês” poderá não ser apresentado no dia 15 de setembro, como decidido há alguns meses.

“Ele [diretor do DCIAP] não tem o direito de, com aquela arrogância, vir dizer à televisão logo se vê, logo se verá”, afirmou o ex-primeiro-ministro, durante uma conferência de imprensa, esta manhã, acrescentando que os prazos são uma “garantia fundamental”.

Para o socialista, trata-se de um “processo infame” e com motivações políticas, onde a direita teve como objetivo não só impedir a sua candidatura à Presidência da República como prejudicar o PS.

“Tudo isto não podia ter acontecido sem motivações políticas. A primeira foi impedir-me de ser candidato a Presidente da República e também para me impedirem de ter uma voz pública, eu tinha um programa de comentário politico na televisão. Por outro lado, e por consequência, também prejudicar o Partido Socialista. […] É a terceira vez que acontece comigo e a direita política fez todo o possível, ao longo destes anos, para me combater pessoalmente”, disse.

José Sócrates chegou mesmo a comparar-se a Hillary Clinton, uma vez que muitos norte-americanos também pediram a prisão da candidata democrata às eleições presidenciais por esta ter utilizado o seu e-mail pessoal para tratar de assunto de Estado.

“A direita política, um pouco por todo o mundo, acha que agora a forma de atacar os adversários é exigir a sua prisão”, considerou.

O ex-líder do PS realçou ainda que só ele decidirá quando pôr um ponto final à sua carreira política.

“A minha vida política terminará quando eu quiser. Se alguém pensa que vou pôr um fim à minha carreira política com este processo, que é basicamente o que me parece evidente, enganam-se”.