Brasil. Tudo sobre o assalto ao Ministro da Educação

Oficialmente polícia trata caso como se fosse um assalto a turistas normais. Ladrão tentou corromper autoridades com 1400 euros.

Sábado, 19h30. O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, tinha acabado de sair da prova de ciclismo e aproximava-se do seu hotel, em Ipanema, no Rio de Janeiro. Sem seguranças – apenas acompanhado da sua assessora de imprensa -, o governante foi abordado por dois homens que começaram por mostrar-lhe uma faca. 

Os assaltantes queriam todo o dinheiro e objetos de valor. Tiago Brandão Rodrigues não ofereceu qualquer resistência e o pouco dinheiro que a sua assessora levava na mala foi entregue de imediato.

Segundo o registo das autoridades brasileiras a que o i teve acesso, nos minutos seguintes, “os agentes da ‘Operação Lagoa Presente’, que estavam a fazer patrulhamento na Avenida Epitácio Pessoa, junto à Lagoa Rodrigues de Freitas, foram acionados via rádio”.

Nessa descrição passada aos dois polícias, que faziam patrulha de bicicleta, “dois homens [tinham assaltado] um casal de turistas nas imediações da Lagoa e fugiram em direção ao Canal Jardim de Alah”. A fuga, na direção da Zona Sul do Rio de Janeiro, a mais luxuosa da cidade, acabaria pouco tempo depois.

Ainda antes de serem intercetados pela polícia, os dois assaltantes foram agredidos pelos populares que se aperceberam do assalto – um detalhe que terá mesmo sido determinante para que as autoridades conseguissem apanhar um dos assaltantes durante a fuga.

“A equipa [de polícias] procedeu ao local e conseguiu localizar, abordar e prender Márcio Luiz Brandão. O outro comparsa fugiu”, lê-se no registo, onde também se afirma que “o preso foi atendido no Hospital Municipal Miguel Couto”, dados os ferimentos provocados pelos populares. 

A polícia brasileira recusa comentar oficialmente o caso, nunca referindo que as vítimas do assalto de sábado são o ministro português e a sua assessora; referem apenas que se trata de um assalto contra dois turistas. Ao que o i apurou, o sigilo deve-se sobretudo ao facto de se tratar de crime praticado contra um governante. Ainda assim, em documentação interna, constará que “dois indivíduos com faca investiram sobre autoridade estrangeira”, concluindo-se que, após o incidente, “a polícia conduziu os marginais” até à Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (DEAT).

O ministro da Educação – que tem o pelouro do Desporto – encontra-se a acompanhar os Jogos Olímpicos que decorrem no Rio de Janeiro desde a última semana. Fonte do gabinete de Tiago Brandão Rodrigues confirmou ontem ao i o incidente, acrescentando que tudo estava calmo. Apesar do susto, dizem, a polícia apareceu logo e a situação foi resolvida com a devolução dos bens ao ministro.

A tentativa de suborno e o cadastro Após ter sido medicado na unidade de saúde municipal, o assaltante detido, de 26 anos e com cadastro criminal, terá tentado subornar os polícias que o acompanharam até à unidade de saúde.

Segundo informações recolhidas pelo i, “para não ser preso, Márcio Luiz Brandão ofereceu aos policiais suborno de 5 mil reais”, o equivalente a mais de 1400 euros.

Depois de identificado, os elementos da Polícia Militar confirmaram que Márcio Luiz Brandão já tinha cadastro criminal: “Possuía anotações criminais por tráfico de drogas, roubo de veículo e posse de entorpecentes.”

“Situações destas são sempre um susto” “Situações destas são sempre um susto. Dizer que não seria desvalorizar o que não deve ser desvalorizado. No entanto, também não deve ser demasiado valorizado. Pelo menos, não tem de haver uma inquietação excessiva.” Foi desta forma que o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, reagiu ao assalto de que foi vítima este sábado.