O melhor sonho de Big Sam teve o fim mais precoce

Sam Allardyce só aguentou 67 dias como selecionador inglês. Uma ingenuidade tramou o técnico com o melhor registo de vitórias de sempre.

O melhor sonho de Big Sam teve o fim mais precoce

Sessenta e sete dias. Apenas e só. Foi esta a duração do reinado de Sam Allardyce à frente da seleção inglesa – o mais curto da história do país, mas também o de melhor aproveitamento. É que Big Sam, como é – era? – carinhosamente tratado em terras de sua Majestade, só fez um jogo ao comando de Inglaterra… e venceu (1-0 à Eslováquia). Infelizmente para ele, acabou traído pela própria chico-espertice e a FA (Federação inglesa) foi implacável, tirando-lhe o «melhor emprego possível em Inglaterra», como o próprio referiu quando foi apresentado, a 22 de julho.

Explique-se: o técnico de 61 anos foi apanhado em vídeo, numa reportagem do jornal The Telegraph, a cometer diversas ilegalidades, entre as quais explicar a alegados investidores asiáticos como contornar as regras da Liga Inglesa sobre a propriedade tripartida de passes de jogadores. Estes investidores eram, na verdade, jornalistas disfarçados, que tentavam expor alguns dos podres que vão acontecendo nos bastidores do futebol inglês. E deu resultado: assim que o vídeo foi publicado, o escândalo rebentou e a FA não demorou a agir – em menos de 24 horas, a rescisão aconteceu.

Sam Allardyce aparece ainda a debater valores na ordem das 400 mil libras (cerca de 461 mil euros) por uma viagem a Singapura e Hong Kong para se encontrar com os responsáveis da firma fictícia. E ainda critica o seu antecessor, Roy Hodgson, acusando-o de ter sido «muito indeciso» nas escolhas para o Europeu, mas também a própria FA, considerando «muito estúpido» terem gasto mil milhões de euros na reconstrução do Estádio de Wembley.

 

Apoio de Mourinho não chega

A «conduta imprópria», como a classificou a FA, foi o pecado capital de Big Sam que, entretanto, se desdobrou em pedidos de desculpa – de nada servindo. Como também não serviram as palavras de apoio de outros treinadores renomados do futebol inglês, como Arsène Wenger, Steve McClaren… ou José Mourinho. «A única coisa que posso dizer é que gosto do Sam. Lamento que isto tenha acontecido porque sei que era um trabalho de sonho para ele. Mas nada disto vai interferir de forma alguma na minha relação com ele. Gostava dele e respeitava-o e isso não vai mudar. Este caso é entre ele e a FA», ressalvou o Special One.

O caso, todavia, não ficou por aqui. É que o Telegraph garante ter material recolhido nos últimos dez meses com inúmeros casos de corrupção e subornos no futebol inglês, envolvendo diversos treinadores, e já houve mais vítimas. O Barnsley rescindiu com o adjunto Tommy Wright, que aparece nos polémicos vídeos a aceitar um suborno para promover a entrada de jogadores de uma empresa no clube, e também o nome de Jimmy Hasselbaink, antigo avançado de Campomaiorense e Boavista que deixou marca na Premier League ao serviço do Chelsea, está indiciado. Porém, o Queens Park Rangers, clube treinado pelo ex-internacional holandês, só admite despedi-lo mediante a apresentação de provas cabais que o incriminem.