Estratégia de Pedro Dias passa por descredibilizar GNR sobrevivente

Homem e mulher que foram agredidos e sequestrados pelo.suspeito foram ouvidos ontem pelo MP. O SOL revela telefonema que pôs em causa investigação

A estratégia de defesa de Pedro Dias, o homem suspeito de cinco crimes de homicídio qualificado, dois deles na forma consumada e três na forma tentada, passa por descredibilizar António Ferreira, o segundo elemento do GNR baleado no rosto, que por pouco sobreviveu. Recorde-se que, segundo o testemunho do sobrevivente, Pedros Dias estava estacionado num descampado junto a um hotel abandonado quando, pelas três da manhã, foi abordado por ele juntamente com o colega Carlos Caetano, que lhe pediu a documentação do carro. Após verificar o nome do legitimo proprietário da pick-up, mal abandonou a viatura, Caetano foi baleado na nuca, tendo tido morte imediata. Ferreira, de arma apontada à cabeça, foi forçado a colocar o colega na bagageira do carro patrulha, enquanto Pedro Dias se pôs em fuga levando com ele o GNR sobrevivente. Pouco depois, entraram num atalho e o carro ficou atolado. É aí que também António seria atingido no rosto, tendo-o o arguido, convicto de que o militar se encontrava morto, escondido numa vala que cobriu com arvoredo.

Na entrevista que deu à RTP antes de se entregar, o arguido proclamou a sua inocência e abriu o leque do que seria a sua defesa. Segundo o próprio, após os crimes que garante não ter praticado, a GNR ter-lhe-á telefonado a ameaçá-lo de morte. Na realidade, uma sargento-ajudante, ao descobrir a sua carta de condução entre as vitimas, fez, à revelia da PJ que já a ouviu em auto, seis telefonemas para o suspeito, tendo o último deitado tudo a perder: «O senhor cometeu crimes muito graves, é melhor entregar-se» Pedro Dias, convicto de que não deixara testemunhas, a partir desse momento desligou o aparelho e colocou-se em fuga.

Mas não basta a Pedro Dias colocar em cheque o testemunho de António Ferreira. Também as duas vítimas que o homem sequestrou numa casa perto de Arouca no início da fuga foram ontem ouvidas pelo Ministério Público. Trata-se da filha dos proprietários da habitação (residentes no Porto), que por lá passava com alguma regularidade, e um vizinho que ouviu os seus gritos e a tentou socorrer. A mulher acabou no hospital, depois de Pedro Dias a tentar asfixiar e de a ter agredido com violência.