Arábia Saudita deixa recado a Trump

“Sem nós, a Arábia Saudita não existiria por muito mais tempo”, disse Trump em março

A Arábia Saudita deixou esta quinta-feira ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, dizendo que o corte nas relações económicas entre os dois países poderá trazer consequências graves.

No passado mês de março, numa entrevista ao New York Times, Trump disse que, se fosse eleito, iria ponderar acabar com a importação de petróleo da Arábia Saudita e outros países, caso estes se recusassem a combater o Estado Islâmico ou pelo menos ajudar as tropas norte-americanas no campo de batalha.

“Sem nós, a Arábia Saudita não existiria por muito mais tempo”, afirmou.

Agora, o ministro da energia saudita, Khalid al-Falih, deixou um aviso ao futuro presidente dos EUA: “O presidente eleito Donald Trump acabará por ver os benefícios [de manter uma união entre os dois países] e penso que a própria indústria petrolífera também o fará ver que bloquear a troca de qualquer produto não é saudável”.

“A energia é o que sustenta a economia global” e os EUA “beneficiam mais do que ninguém destas trocas”, disse ao Financial Times.

Segundo os dados mais recentes, no passado mês de agosto, os Estados Unidos importaram todos os dias 3.4 milhões de barris da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEC) – cerca de um terço (mais ou menos 1.1 milhões de barris – vieram da Arábia Saudita.

“Há uns tempos precisávamos desesperadamente de petróleo. Hoje em dia, graças às novas tecnologias, há um saturamento enorme no mercado”, defendeu Trump em março. Falih acredita que, assim que ocupar o cargo, Trump não irá avançar com muitas das medidas que anunciou ao longo da campanha. “Assim que um presidente começa a governar, é normal que comece a surgir muito mais substância [nas suas decisões]”, disse na mesma entrevista.