No frio e neve, requerentes de asilo têm apenas tendas e cobertores

Centenas de pessoas estão presas nas ilhas gregas sem abrigo. Em Paris há abusos contra migrantes desalojados

Centenas de requerentes de asilo vivem em tendas sem aquecimento e com pouco mais do que cobertores em campos improvisados na Grécia e Sérvia, por exemplo, onde em alguns casos as temperaturas chegaram esta semana aos 20 graus negativos.

Organizações como as Nações Unidas e Médicos Sem Fronteiras, que prestam assistência a milhares de requerentes de asilo retidos na rota dos Balcãs, pedem mais assistência das autoridades e que elas se apressem com os processos de avaliação de asilo, distribuindo deslocados por residências com melhores condições.

"É revoltante ver que, apesar de todas as promessas e compromissos europeus, homens, mulheres e crianças estão a viver em tendas sob a chuva gelada”, dizia esta terça-feira Clement Perrin, responsável pela missão dos Médicos Sem Fronteiras na Grécia. 

As temperaturas em países do leste e centro europeu atingiram esta semana mínimos raros, frutos das correntes que transportam ares dos polos para zonas de baixa pressão nos Balcãs e Turquia, provocando grandes quedas de neve nas ilhas gregas e em Istambul, por exemplo.

As condições difíceis provocaram já mortos em países como a Polónia, República Checa e Ucrânia. Pelo menos três requerentes de asilo morreram nao fim de semana na frontiera da Turquia com a Bulgária, de acordo com a BBC. As baixas temperaturas apanham pelo caminho requerentes de asilo desalojados ou em acampamentos improvisados.

Nas ilhas gregas, por exemplo, onde o acordo de março entre Bruxelas e Turquia força que todos os migrantes sejam processados antes de poderem ser enviados para o continente, as Nações Unidas correm contra o tempo para distribuir cobertores térmicos e aquecedores.

“É evidente que as pessoas estariam melhor no continente e deveriam ser mudadas para lá rapidamente e em números muito maiores”, anunciou o gabinete de proteção de refugiados na passada sexta-feira. 

Em Paris, por exemplo, os Médicos Sem Fronteiras denunciam maos tratos da polícia, que encerrou recentemente o acampamento improvisado em Stalingrad, para onde centenas de pessoas se mudaram depois de ter sido encerrada a Selva de Calais, no norte do país.

Na capital francesa, onde há agora uma política de tolerância-zero para acampamentos à berma da estrada, os centros de acolhimento estão sobrelotados e a polícia dispersa com violência desalojados deitados na rua.

Na capital sérvia, Belgrado, as condições não são melhores. “Os campos estão cheios e sobrelotados, por isso as pessoas não têm outra opção a não ser viver em edifícios abandonados em temperaturas geladas”, escrevia esta terça-feira Stephane Moissaing, responsável da MSF no país.