Em Portugal há pelo menos seis mil crianças doentes que poderiam beneficiar de cuidados paliativos, mas a maioria continua sem ter resposta. Para alertar para esta realidade, a instituição particular de solidariedade social ATTitude – que se dedica a angariações de fundos – está a promover pela primeira vez no país a campanha “Hats On”, que há três anos se realiza a nível internacional para aumentar a rede dos cuidados paliativos pediátricos. O repto é para que na próxima sexta-feira, 14 de outubro, toda a gente vá trabalhar de chapéu e partilhe a foto nas redes sociais com as hashtags #eutenhoattitude e #chapeucomattitude.
A iniciativa foi criada pela Rede Internacional de Cuidados Paliativos Pediátricos que, além de querer que a imagem se torne viral, apela a que todas as pessoas façam neste dia um donativo às associações que trabalham nesta área ou aos serviços de cuidados paliativos mais próximos.
Em Portugal, a primeira unidade de cuidados paliativos pediátricos foi inaugurada em junho, em Matosinhos. O “Kastelo”, como é conhecida a instituição gerida pela associação “No meio do nada”, foi construído e equipado com donativos municipais, de empresas e de particulares. Tem vagas para 20 crianças e está a funcionar com protocolo com o Ministério da Saúde.
A nível nacional, a falta de resposta na área dos cuidados paliativos não se verifica só nas crianças. A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) tem estado também a promover uma campanha de informação em que alerta que os cuidados paliativos são um direito humano básico para todas as pessoas portadoras de doenças crónicas e limitantes. Em Portugal, por ano, cerca de 89 mil doentes necessitam destes cuidados, mas metade dos que são referenciados morrem antes de ter resposta. “O nosso país continua a ter apenas uma equipa de cuidados paliativos domiciliários por 590 mil habitantes, quando as recomendações internacionais apontam para a existência de uma por cada 100 mil habitantes”, alertou em comunicado Manuel Luís Capelas, presidente da APCP.
Este ano foi, pela primeira vez, nomeada pela tutela uma comissão para dinamizar esta área no país. O plano estratégico para 2017 e 2018 está em discussão pública até ao final desta semana e prevê o reforço de formação dos profissionais de saúde, maior monitorização e avaliação das equipas e melhor articulação dentro do SNS.