Há uma semana, o FMI lançava um alerta sobre o Deutsche Bank, apontando o banco alemão como a instituição que mais riscos coloca à estabilidade do sistema financeiro mundial. Hoje, o economista chefe do banco alemão, David Folkerts-Landau veio dar mais um sinal preocupante, que mostra como pode estar iminente uma crise financeira na Europa.
Em declarações ao Die Welt, Folkerts-Landau, apelou às instâncias europeias para que comecem a preparar um plano de resgate e avisou que a recapitalização do sistema bancário pode vir a chegar aos 150 mil milhões de euros.
“A Europa está bastante doente e precisa de começar a fazer frente aos problemas rapidamente ou vai haver um acidente”, disse o responsável do Deutsche Bank, afirmando estar particularmente preocupado com a banca em Itália, onde já há uma operação de recapitalização em curso através de um fundo composto por privados para gerir o mal-parado bancário.
No fundo, o que o banco alemão está a pedir é um plano semelhante ao levado a cabo em 2008, depois da falência do banco americano Lehman Brothers, que marcou o início de uma profunda crise financeira mundial cujos efeitos ainda hoje se fazem sentir.
O apelo do Deutsche Bank surge uma semana depois de o FMI ter identificado problemas graves no banco alemão, que nem o Governo de Berlim nem os responsáveis pela instituição financeira quiseram até agora comentar.
Segundo o FMI, “entre os bancos globais de importância sistémica [G-SIB], o Deutsche Bank aparenta ser o maior contribuinte líquido para riscos sistémicos, logo seguido do HSBC e do Credit Suisse”, pelo que se recomenda uma “monitorização apertada”.
Antes, já a Reserva Federal norte-americana tinha anunciado que o banco alemão chumbou nos testes de stress. O Deutsche Bank e o espanhol Santader foram os únicos bancos a chumbar estes testes a que foram submetidas 33 instituições bancárias.
A situação é crítica e o FMI considera que há vários países que precisam de estar atentos aos riscos. “Alemanha, França, Reino Unido e os EUA apresentam o maior risco de contágio dada a percentagem de perdas de capital que podem infligir em outros sistemas bancários”, defendem os técnicos do Fundo Monetário Internacional, que deixaram à Alemanha um pedido para que reexamine os planos de resolução dos bancos para garantir que estão devidamente operacionalizados.
Por cá, quer António Costa quer o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, já alertaram para a necessidade de criar um veículo financeiro que possa resolver o problema das imparidades da banca. Mas até agora ainda não ficou claro quando e em que moldes poderá avançar esse solução nem sequer o montante que poderá estar em causa.