Não são os cães que são porcalhões – são os donos!

A propósito do artigo da semana passada sobre as vantagens de ter um animal de companhia, designadamente um cão, e os cuidados a ter antes de o arranjar, o espaço não deu para falar dos donos dos cães que são porcalhões – eles, os donos, não os canídeos.

Infelizmente, quando passeamos pelas ruas das nossas cidades e vilas, somos confrontados com constantes armadilhas que são os cocós de cães espalhados pelo passeio. Se em termos de sujidade e ecológicos não há sequer questão, em termos de saúde, como é? 

Um estudo feito no Reino Unido estimou em cerca de 250 mil toneladas o cocó que os cães fazem por ano. Em Portugal temos seis vezes menos habitantes mas, como temos proporcionalmente mais cães, se calhar poderemos admitir um valor de um terço. Fiquem, portanto, com os números redondos: 80 mil toneladas de cocó de cão em cada ano que passa, ou seja, nove por hora ou 150 kg por minuto.

O cocó de cão não só é nojento e malcheiroso – isso só já bastaria para os donos dos cães (eles, sim, são os verdadeiros “porcalhões”) terem mais cuidado – como pode também contaminar–nos com diversos parasitas que, nos infantários, escolas e lares, passam de pessoa para pessoa, dos sapatos e pés para as mãos, daí para a boca e para as fezes das pessoas, num ciclo muito difícil de interromper. Em certas cidades há casas de banho na rua para cães. Mas mesmo sem estes requintes, não custava nada aos donos dos cães levarem uns sacos de plástico para apanhar o cocó dos seus animais. Compram-se nas lojas “baratas” por um euro e meio, com um dispositivo preso à trela. Há papeleiras e caixotes por todo o lado.

Para quando uma maior censura social, pelo menos quando a lei (que existe) não é ainda aplicada? Não são os cães que são porcalhões – são os donos!