Lisboa é a 15.ª cidade europeia onde se consome mais ecstasy

Estudo europeu com base na análise de águas residuais revela o padrão de consumo em 50 cidades

A cocaína é a droga mais utilizada, mas é no consumo de ecstasy que se nota um maior aumento desde 2011, que agora parece estar a estabilizar. Um estudo europeu que analisa as tendências no consumo de quatro drogas ilícitas – cocaína, anfetaminas, metanfetaminas e ecstasy – revelou ontem que Lisboa é a 15.ª cidade europeia entre as 50 analisadas a registar maior vestígios de ecstasy nas águas residuais – a ferramenta de análise dos investigadores ligados ao Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência. Em 2015, a capital portuguesa surgia na 18.ª posição. Em relação à utilização de cocaína, Lisboa passou do 15.º lugar no ano passado para o 19.º este ano. Apesar de as principais metrópoles europeias liderarem as tabelas, há surpresas: Lisboa regista maiores concentrações de ecstasy e cocaína nas águas residuais do que Paris.

Pela primeira vez os dados são divulgados no ano em que foram recolhidos – os trabalhos de campo tiveram lugar em março. O objetivo é traçar um retrato anual do padrão de consumo, também para ajudar os serviços de saúde a responder melhor a tendências emergentes. Os vestígios de droga são medidos em miligramas por 1000 pessoas /dia, valor referente às substâncias excretadas pelos utilizadores através da urina e que não permite extrapolar o número de consumidores ou a frequência, apenas vigiar o padrão de consumo e estabelecer um indicador comum comparável entre cidades. Os investigadores recolhem amostras de água nos dias úteis e ao fim de semana, o que permite ainda perceber variações associadas a um uso mais “recreativo”.

Além de Lisboa, entram na análise europeia Porto e Almada. Lisbeth Vandam, uma das relatoras do estudo, explicou ao i que, em linha com o acontece nos demais países, as cidades mais pequenas registam consumos inferiores.

A investigação apurou para a cocaína um valor de 258 miligramas por 100 pessoas/dia em Lisboa. Antuérpia lidera este ranking, com um valor 3,5 vezes superior, tendo destronado Londres como “capital da cocaína”, noticiou ontem o “The Guardian”. Zurique fecha o top 3.

No ecstasy, foram apurados para Lisboa valores de 26.9 mg por 1000/pessoas/dia. Eindhoven, na Holanda, ocupa a primeira posição com concentrações quatro vezes superiores. Antuérpia e Oslo surgem em segundo e terceiro lugar. A cocaína é a droga mais utilizada na Europa Ocidental e nos países mediterrânicos, sendo residual nos países de Leste, onde há um maior consumo de anfetaminas e metafanteminas, drogas que praticamente não são detetadas em Portugal.