Educar para transformar

Exige-se maior flexibilidade, proximidade, autonomia das escolas e valorização do professor. Não há plano B.

Educar significa transformar. Trazer para fora do indivíduo algo de novo de que beneficiará a sociedade. A Educação tem, ou deve ter, como fim último a Pessoa e a Sociedade.

A Educação transforma a Pessoa. Contribui para a sua formação no Ser (saber-ser), para que, com autonomia (saber-pensar), possa construir a sua felicidade (que integrará o saber-fazer). Pessoas assim formadas sabem que é na relação com os outros que se afirma o seu Ser, a sua Autonomia, a sua Felicidade. O exercício da cidadania é, neste contexto, uma extensão natural de cada um para os outros, para a Sociedade.

Inevitavelmente esta Educação transforma a Sociedade. Transforma-a numa sociedade humanista, feita por humanos para humanos, socialmente justa, em liberdade, com coesão social e tolerante, assente no conhecimento e com visão global.

Vivemos num mundo global em grande e rápida transformação. Somos de uma era de pandemias e de ruturas, ou de continuidades e de acelerações, consoante a perspetiva. Ilusoriamente, a tecnologia aparece endeusada. Passamo-la de instrumento a influencer, de meio a objetivo. Esta aceleração cria ilusões vivenciadas por todos nós e deve encontrar na Escola resposta e distanciamento, numa dialética virtuosa que só a Educação pode criar.

Se é verdade que não é possível antecipar o futuro, é não menos verdade que podemos prepará-lo através da valorização do conhecimento, de uma maior plasticidade multidisciplinar e adaptabilidade profissional, e sobretudo de uma capacidade crítica que só o saber-pensar permite e desenvolve. Em ambientes de mudança e imprevisibilidade pode ser mais difícil compreender o rumo e, no entanto, também por isso, é uma questão de sobrevivência focar no essencial. Na Educação o essencial não é o instrumental. Os ambientes tecnológicos são contexto, importante sem dúvida, mas contexto. Na Educação o essencial é a capacidade de transformar as Pessoas fazendo-as descobrir-se e descobrir novo conhecimento.

Uma Educação instrumentalizada pela sociedade e concretizada apesar das pessoas é uma ilusão perigosa. Conteúdos são ensinados, mas não assimilados. Os jovens não se formam, antes recolhem, se tanto, alguns instrumentos mais ou menos úteis. Não há autonomia, muito menos os alicerces de uma realização pessoal. No final, sofre a Democracia e esvazia-se – devagar e sem sobressaltos, mas esvazia-se – a Sociedade daquele que a une e que a eleva.

Para um Portugal com Futuro, o sistema educativo deverá basear-se em premissas de maior valor para uma sociedade melhor. Exige-se maior flexibilidade, maior proximidade com as comunidades, maior cooperação e colaboração (pública, social e privada), maior autonomia das escolas (na promoção de modelos sólidos de ensino e aprendizagem), maior valorização do professor que transforma. Não temos alternativa. Não há plano B. Um sistema educativo desfocado do essencial condena as pessoas e a sociedade ao chumbo. Um chumbo para o qual não há recurso (ou época especial). É o chumbo da esperança no futuro!