É preciso pôr o dinheiro a trabalhar para nós

Uma boa gestão da poupança, eficaz e sustentável é essencial para garantir uma vida e uma economia mais equilibrada. Conheça as dicas para poupar mais e melhor.

O perfil do aforrador nacional ainda é, genericamente, muito conservador e avesso ao risco. Esta postura perante a aplicação das poupanças resulta, contudo, “numa menor rentabilidade de que, muitas vezes as pessoas não se apercebem”, explica José Eduardo Toscano Bonito.

Os Certificados de Aforro, por exemplo, continuam a ser um dos produtos mais apreciados por quem faz o seu ‘pé-de-meia’, mas, apesar de uma taxa de juro aparentemente mais atrativa, depois de retirados os impostos e contabilizada a inflação, “não têm uma rentabilidade real”. Na verdade, reforça o diretor da área de poupança da Fidelidade, “as pessoas estão a perder dinheiro”. O mesmo acontece noutros produtos sem risco, como os depósitos a prazo, que continuam a oferecer taxas de juro muito baixas.

O medo e o desconhecimento continuam a ser fatores de bloqueio para o aforrador nacional, mas é preciso ultrapassar estes obstáculos e “por o dinheiro a trabalhar para nós”, diz o especialista. A literacia é, na sua opinião, um fator fundamental para alterar esta mentalidade tão enraizada na sociedade portuguesa, mas é também uma mudança que demora a fazer. Até lá, José Toscano Bonito deixa os passos essenciais para preparar melhor a poupança e para investi-la em produtos mais adequados ao perfil de cada utilizador.

Diagnóstico

Parar, pensar e fazer contas. Listar todas as receitas mensais e todas as despesas. Com base neste diagnóstico, é essencial fazer uma análise aprofundada. Verificar, entre as despesas, quais são aquelas que não é possível evitar, mas, mesmo nestas, por vezes é possível tomar medidas para melhorar a situação. Por exemplo, no caso de ter crédito habitação é importante que regularmente faça comparações, peça simulações a outros bancos e verifique se consegue melhores condições. Também pode negociar o pacote de televisão. O essencial é, como aconselha José Eduardo Toscano Bonito, “ter iniciativa e agir”.

Planeamento

Para poupar bem é preciso planear. A diversificação temporal da poupança e, consequentemente, da aplicação que fará do pé-de-meia deverá ter em conta as necessidades de curto, médio e longo prazo que são, naturalmente, diferentes. O diretor da área de poupança da Fidelidade recomenda que a poupança de curto prazo seja uma espécie de almofada financeira, preparada para qualquer eventualidade que possa surgir, cujo montante deverá somar o equivalente às despesas de entre 6 e 12 meses.


“Com a inflação, os aforradores nacionais estão a perder dinheiro”

JOSÉ EDUARDO TOSCANO BONITO

Diretor da área de Poupança, na Fidelidade

Já a poupança de médio prazo destina-se a outro tipo de necessidades – compra de casa, estudos dos filhos, obras, viagens, entre outras – e deve ser pensada com a devida antecedência. No entanto, e como alerta José Toscano Bonito, “se não tiver rendimento disponível para fazer face às minhas despesas correntes, os meus objetivos de médio prazo têm de se tornar de longo prazo”.

E aqui, na poupança a longo prazo, um tema fundamental a considerar é a reforma. Garantir que, terminado o período da vida em que os rendimentos provêm do trabalho, é possível manter o nível de vida e fazer face às despesas do dia-a-dia, mas também de saúde e outras. A maior longevidade e esperança média de vida tornam este desafio ainda mais importante.

Execução

Este é um elemento muito importante no processo de investimento. Ou seja, escolher onde aplicamos as poupanças é determinante para garantir a rentabilidade. Este processo de decisão deve ser apoiado por especialistas, mas, alerta o responsável da Fidelidade, a literacia financeira é muito importante. “Não temos que ser todos especialistas, mas é fundamental ter o conhecimento básico para tomar decisões informadas”.

A diversificação do risco é também um dos fatores a ter em conta antes de investir. Quanto mais longo é o prazo, maior pode ser o risco a assumir. Adicionalmente, recomenda-se muita serenidade e disciplina, evitando as tentações de usar a poupança para propósitos que não os previamente estabelecidos.

Se a aposta for num Plano Poupança Reforma (PPR) e, portanto, a longo prazo, o especialista da Fidelidade recomenda que escolha uma aposta com maior risco se tem até 35 anos, e que reduza o nível de risco após esta faixa etária. O objetivo, explica, será aumentar o potencial de rentabilidade enquanto há tempo para fazer correções necessárias, jogando pelo seguro à medida que se aproxima da idade da reforma.

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