Ricardo Kendall: “Temos de captar pessoas e retê-las cá”

Ricardo Kendall, CEO da Metropolitan Livings, deixa a sua visão para o país daqui a 20 anos.

Como empresário e também como cidadão, como é que gostaria que o país estivesse em 2043, quando fizer 900 anos como Estado-nação mais antigo da Europa? O que gostaria que mudasse?
RK — Acho que temos um problema de justiça muito grande. Temos, mais uma vez, um problema de burocracia muito grande e um problema demográfico enorme. Os estudos dizem que, não em 2043, mas em 2050, nós, portugueses, vamos ser sete milhões. Somos 10,5 neste momento, julgo que sem contar com os imigrantes.
Isto é o pior que nos pode acontecer e, naturalmente, que se percebe porquê. Acho que devia haver políticas e desenvolver-se um esforço enorme para captar pessoas e para as reter cá e também para aumentar a taxa de natalidade. Diria que estes são os três maiores problemas que me ocorrem.

– Como empresário, acabou de referir o aspecto da burocracia do Estado. Gostaria que alguma coisa mudasse? Vinte anos dá para mudar alguma coisa?
RK — Sim, acho que a instabilidade fiscal é enorme. Vemos agora com este Mais Habitação, acabarem com os Golden Visa, acabarem com o alojamento local. Portanto, há aqui uma instabilidade muito grande e que é muito prejudicial para quem investe. Ouço todos os dias pessoas e investidores estrangeiros (eu tenho um grupo estrangeiro como sócio) a dizerem que não querem investir em Portugal, enquanto isto não acalmar e as coisas não ficarem mais claras. Acho que aí também deveria haver algum esforço.

— Tem quatro filhos. Como é que os imagina dentro de 20 anos?
RK — Há um deles que está, curiosamente, a fazer um negócio que é quase uma réplica deste nosso. Outro, trabalha num Family Office e as duas mais novas estão a estudar, uma Comunicação Social, em Navarra, e a outra pequenina tem nove anos, mas já mostra algum nerve de que vai ser um furacão.
Ao princípio, tentei que os dois mais velhos trabalhassem comigo, que é uma coisa que os livros dizem para não fazer. Acho que foi um erro. Espero que eles consigam singrar e, acima tudo, ser felizes.