Álvaro Beleza: “Portugal daqui a 20 anos é a Suíça do Sul”

O presidente da SEDES, Álvaro Beleza, deixa a sua visão para o país daqui a 20 anos.

Como é que, enquanto cidadão, imagina o país ou como é que gostaria que estivesse o país ao celebrar 900 anos da sua criação (se considerarmos o Tratado de Zamora de 1143)? Dentro de 20 anos, como é que gostaria que estivesse Portugal?
Acredito em Portugal. Acho que Portugal vai estar melhor do que está. Portugal é um porto seguro, um porto de abrigo ao nível global.
Temos aí vantagens, se usadas com equilíbrio, bom senso e com algumas mudanças, aquelas que eu acabei de falar; mas sempre mudanças gradualistas, não rupturas.
Se Portugal se mantiver uma sociedade aberta, porque precisamos de imigrantes, gente que venha para cá e que já está a vir (sem eles, não temos economia); se continuarmos como essa sociedade aberta e tolerante que somos e acolhedora e com segurança (um dos maiores assets internacionais de Portugal é a segurança) Se não perdermos isso, acredito que Portugal daqui a 20 anos é a Suíça do Sul.
Sinceramente, acho que Portugal tem condições. Porquê a Suíça do Sul? Porque é um porto de abrigo, como a Suíça é. A Suíça é um albergue de abrigo há séculos na Europa, seguro, previsível e os partidos políticos portugueses são dos mais sólidos na Europa.
Destruíram-se partidos por todo o lado, menos em Portugal e no Reino Unido. Portugal é sólido, apesar de todos os problemas e os principais partidos, o PS e o PSD, continuam a ser os principais partidos há 50 anos.
Achamos que, se for competitivo do ponto de vista fiscal, se aumentar escala, se tiver políticas de atração de investimento, Portugal pode mesmo ter um PIB ao nível dos mais desenvolvidos da Europa em 20 anos? Sim. Portanto, poderíamos festejar os 900 com um grande orgulho.
Nós temos séculos de história notáveis, mas não soubemos tratar aqui do nosso canto. É uma coisa extraordinária. A Holanda, por exemplo, também foi um império marítimo, como nós, e desenvolveu-se muito mais do que nós… e a Holanda está debaixo de água, grande parte dela, com dificuldades que nós não temos. Como é que nós não conseguimos?
Estamos nesse caminho. Estou otimista, porque vejo que já entrou no léxico da discussão política a questão fiscal, que não estava; já entrou no léxico a questão da própria escala das empresas de que estou a falar. Muitos já falam disso e falam bem.
Só ainda não entrou a reforma do sistema eleitoral, como eu gostaria.
Temos de acreditar que os mais novos… Tenho dito que Portugal é muito grisalho. Temos demasiados grisalhos no poder comparado com outros países europeus e com o Norte da Europa, onde os líderes são jovens, ou mulheres jovens. Ainda há dias vi o ministro francês da Educação, é um miúdo que tem para aí 30 e tal anos.
Nós precisamos de gente nova no poder e precisamos de mais mulheres na liderança. Temos muitas mulheres já na vida política, mas poucas a liderar. Na SEDES, fiz questão de termos várias mulheres a liderar em vários distritos, grandes empresárias, mulheres na Madeira, em Viana do Castelo, em Setúbal, Santarém. É preciso dar esse espaço às mulheres.
Portanto, espero que, daqui a 20 anos, haja uma mulher primeiro-ministro ou uma mulher presidente da República. Temos de dar também esse salto civilizacional.