Reter talento jovem é um desígnio do país

Isenção de IRS durante dez anos para jovens licenciados é uma proposta de retenção de jovens.

A retenção de talento jovem, em todos os setores da economia, é ou tem sido uma prioridade dos governos, sobretudo na última década, quando assistimos a vagas de saídas de jovens atraídos por melhores salários no estrangeiro?
Apesar dos discursos e promessas oficiais e das preocupações naturais das famílias portuguesas, a decisão de emigração dos jovens, após um forte investimento do país na sua formação, tem efeitos diretos na economia, nas finanças públicas e no tecido social lusitano, em especial na demografia, porque há o risco real dessa experiência de sair só por uns meses ou uns anos (o que até poderia ser positivo) tornar-se definitiva. Quem emigra pode voltar só nas férias de natal e verão. Então, que medidas devem ser aplicadas para reter talento?
A pergunta que lançamos no debate semanal “Sim ou não” (ver em amanha.pt e Euronews, canal youtube) é um exemplo de uma de várias medidas que poderiam ser tomadas por um governo que queira inverter esta situação: é possível isentar de IRS, durante dez anos, os jovens que terminam a licenciatura para reter e evitar a fuga para o estrangeiro? Convidámos António Leitão Amaro (jurista, professor de finanças públicas e ex-deputado do PSD) e Paulo Marques (professor no ISCTE e coordenador do Observatório do Emprego Jovem) para debater este tema crucial para o crescimento da economia, a sustentabilidade da segurança social e a coesão possível da sociedade.
É tempo de refletirmos com seriedade sobre o impacto da fuga de talento jovem e o que pode o país fazer (mais e melhor) para atrair quem saiu em busca de melhores condições de vida.
A resposta está no foco num crescimento económico mais forte que permita pagar melhor aos nossos quadros qualificados, de todos os setores da economia, e também está em medidas fiscais e políticas públicas para matérias como habitação, transportes, creches, escolas, entre outras áreas essenciais.
Teremos eleições legislativas em março e europeias em junho e é obrigatório que os partidos políticos apresentem ideias claras e medidas concretas sobre este assunto. Dispensamos o discurso bafiento de que os jovens são o futuro e depois nada acontece para os reter neste país envelhecido que, a médio prazo, terá dificuldade em pagar reformas a quem está ainda no ativo.
Dentro de vinte anos, se nada for invertido, seremos uma estância de férias para os jovens que têm emigrado e uma economia de baixos salários, encostada ao papá-Estado e na cauda da Europa? Isso não é aceitável para nenhum português, em especial para o que resta da classe média que tem sido dizimada por sucessivos governos.
Nesta edição, sugiro ainda as crónicas (e podcasts) de Júlia Seixas e António Ramalho e o “Sucesso.pt” com Mário Ferreira, dono do grupo Pluris e da Douro Azul, sobre o negócio de cruzeiros.

luis.ferreira.lopes@newsplex.pt