“Todos sabem o grau de concentração eu defendo: a máxima”

Assim falava há cerca de 20 anos o CEO do BCP, Eng.ª Jardim Gonçalves. E ele sabia bem do que falava: o BCP só ganhou dimensão devido à OPA que lançou sobre o Banco Português do Atlântico. 

Assim falava há cerca de 20 anos o CEO do BCP, Eng.ª Jardim Gonçalves. E ele sabia bem do que falava: o BCP só ganhou dimensão devido à OPA que lançou sobre o Banco Português do Atlântico. Mais tarde, o BCP comprou também o Banco Mello (ele próprio o resultado da fusão entre três bancos), mas isso já foram basicamente trocos.

O atual BPI resulta da fusão de quatro bancos. E, para completar o lote dos cinco grandes bancos a operarem em Portugal, temos a CGD, o Novo Banco e o Santander Totta.

Este não é o cenário preferido de Jardim Gonçalves. “Concentração máxima” significava apenas a presença de dois grandes bancos em Portugal: a CGD, pública, e um grande banco privado. Esta estrutura de mercado é conhecida por duopólio: nenhum dos participantes tem necessidade de baixar os preços para atrair clientes, porque estão satisfeitos com os que já têm. Logo, os preços dos serviços cobrados aos clientes são altos, e os lucros dos bancos também.

Vem isto a propósito de o BCP e o BPI terem sido afastados da competição pela compra do Novo Banco, que agora, nesta fase final, é disputado apenas por um fundo de investimentos americano e outro chinês. Dito doutra forma, BCP e BPI perderam a última oportunidade (a não ser que se fundam, o que já esteve para acontecer, e só não aconteceu por uma “unha negra”) de crescerem em Portugal comprando outro grande banco. Seja quem for que vença a corrida pela compra do Novo Banco, Portugal continuará a ter cinco grandes bancos a competirem entre si. E os beneficiados por existir mais concorrência são sempre os consumidores.