Porque o Prémio Pessoa 2016 é, como disse Marcelo Rebelo de Sousa, “justíssimo”

O Prémio Pessoa 2016 foi atribuído ao Professor Frederico Lourenço. Desconhecido até agora do grande público, traduziu do grego clássico os fundamentais, para a civilização ocidental, poemas homéricos (do nome do autor, o poeta cego Homero), a Ilíada e a Odisseia.

O Prémio Pessoa 2016 foi atribuído ao Professor Frederico Lourenço. Desconhecido até agora do grande público, traduziu do grego clássico os fundamentais, para a civilização ocidental, poemas homéricos (do nome do autor, o poeta cego Homero), a Ilíada e a Odisseia. Só li a Odisseia, onde são descritas as atribulações que o herói, Ulisses, teve de enfrentar durante dez anos para regressar ao seu reino (ele é o rei), Ática, onde o esperam fielmente a mulher, Penélope, apesar de assediada por numerosos pretendentes, o filho, e o cão (daí que em toda a pintura a partir do Renascimento o cão seja o símbolo de fidelidade).

Quanto à Ilíada, nunca a li, mas conta a história do cerco e da tomada de Troia pelos gregos, usando o célebre estratagema do cavalo de Troia. Segundo li, trata-se de um poema muito sangrento. Tendo em conta que, na Odisseia, Ulisses é o único membro da tripulação do seu barco a chegar vivo ao seu destino, nem me atrevo a imaginar bem o que isso possa significar.

O Professor Frederico Lourenço tem agora outro projeto em mãos, que deverá estar concluído em 2020: a tradução integral da Bíblia a partir das fontes originais. Pois, em que língua foi escrito o Novo Testamento? Na língua do poder, em latim? Na língua que Jesus falou, em Aramaico? Não, foi escrito na língua culta da época, o grego. Em Portugal, onde parte substancial da população é católica, será decerto um prazer para muitos lerem excertos da Bíblia a partir do original.

E assim se vê a importância do Professor Frederico Lourenço, e a justeza na escolha do galardão.