Conversas em famílias

Os nomes desta extensa lista (51, mais do que nas fotos, sem prejuízo de faltarem alguns, como Medina Carreira, Marçal Grilo, Ruben Carvalho, Luís Fazenda, Teixeira dos Santos ou Braga de Macedo) têm uma coisa em comum.

Vamos, primeiro, à lista:

Adolfo Mesquita Nunes

Ana Drago

Ana Gomes

Ângelo Correia

António Bagão Félix

António Filipe

António Leitão Amaro

António Lobo Xavier

António Vitorino

Bernardino Soares

Carlos Abreu Amorim

Carlos Carreiras

Carlos Zorrinho

Cecília Meireles

Daniel Oliveira

Diogo Feio

Duarte Marques

Fernando Medina

Fernando Rosas

Francisco Assis

Francisco Louçã

Hermínio Loureiro

João Almeida

João Ferreira

João Galamba

João Oliveira

Jorge Coelho

Jorge Lacão

José Eduardo Martins

José Pacheco Pereira

Luís Marques Mendes

Luís Nobre Guedes

Manuela Ferreira Leite

Manuel Pizarro

Mariana Mortágua

Miguel Alves

Miguel Laranjeiro

Nuno Magalhães

Miguel Morgado

Nuno Morais Sarmento

Nuno Melo

Paulo Cafôfo

Paulo Rangel

Paulo Portas

Pedro Adão e Silva

Pedro Santana Lopes

Pedro Silva Pereira

Ricardo Almeida

Rita Rato

Sérgio Azevedo

Tiago Barbosa Ribeiro

Vamos, agora, ao que têm em comum: nos últimos dias passaram a ter como colega José Miguel Júdice.

O ex-bastonário da Ordem dos Advogados foi fundador do MDLP com Spínola, militante do PSD a partir de 1980 (um dos conspiradores  da Nova Esperança, com Marcelo, Barroso e Santana), desfiliou-se do partido há dez anos e foi mandatário de Costa na candidatura a Lisboa no ano seguinte, tendo mantido sempre uma ligação ao mundo dos media. E é o mais recente membro do extenso painel de comentadores políticos das televisões nacionais – no caso, a TVI 24.

Esta semana, numa entrevista à Sábado, diz que deve ser a «única pessoa pessoa que pode dizer: ‘Eu estou na televisão e não quero nada. Não quero ser deputado, ministro ou Presidente, dirigir nenhuma empresa, ser convidado nas receções’».

Certo, mas não deixa de ser político, com interesses políticos, ator na vida política e nos centros de decisão político-económicos.

Sejamos justos com Pacheco Pereira. Ele também não. Ou melhor, a única coisa que, eventualmente, ainda poderá aspirar na política é ser expulso do partido (por acaso também o PSD) no qual continua inscrito como militante, apesar de  obviamente já não o ser.

No mais, Portugal é um caso absolutamente sem paralelo: os comentadores políticos, os fazedores de opinião, são os próprios protagonistas, quando não as próprias fontes da notícia. Não há paralelo na comunicação social estrangeira, com tantos deputados, dirigentes partidários, autarcas, ex-secretários de Estado, ex-ministros ou até ex-primeiros-ministros com tanto tempo de antena – e, nalguns casos, muitíssimo bem pagos.

Não será, por isso, mera coincidência que um comentador político seja o atual Presidente da República e que o primeiro-ministro também tenha sido residente num programa televisivo semanal de comentário e análise sobre a actualidade política (Quadratura do Círculo, na SIC Notícias).

E pensar que esta forma de fazer opinião na política à portuguesa teve como precursor o discípulo de Salazar, Marcello Caetano…

No início dos anos 70 só havia uma televisão, a RTP, e as Conversas em Família (tão criticadas e satirizadas) passavam uma vez por semana.

Agora, com tantos canais, as ‘conversas entre famílias’ são inúmeras e a toda a hora.

E ninguém se incomoda.