Figura da Semana: Fernando Santos, um treinador campeão que já foi patinho feio

Foi o primeiro português a treinar os três grandes, embora sem grande sucesso, se excluirmos o único campeonato que venceu no  FC Porto. A Grécia deu-lhe outra vida e no regresso a Portugal tornou-se campeão europeu. Agora é o melhor do mundo.

Quando perdeu dois campeonatos seguidos no FC_Porto, depois de ter conquistado o Penta, tendo por isso ficado com o título do engenheiro do Penta, ninguém apostaria num grande futuro a Fernando Santos. Afinal, tinha conseguido perder um campeonato para o Sporting, quando de dragão ao peito ainda jogava Jardel e no ano seguinte deixou-se ultrapassar pelo Boavista de Jaime Pacheco.

O engenheiro que tinha sido um jogador mediano e  havia passado parte da sua vida  a tratar da manutenção do hotel Palácio, no Estoril, havia começado, precisamente, no clube da linha de Cascais, a sua experiência como treinador. Enquanto jogador fez a formação no Benfica e depois andou por equipas do meio da tabela.

Com fama de ‘carrancudo’, mas divertido ao mesmo tempo, Fernando Santos sempre se apresentou em público como se todos lhe devessem alguma coisa e não lhe pagassem. Depois das derrotas no FC_Porto descobriu a Grécia, onde chegou a ser considerado o melhor treinador do ano em dois anos seguidos, tendo pelo meio ainda voltado a Portugal por duas ocasiões para orientar o Sporting sem grande sucesso e o Benfica, de onde haveria de ser despedido ao fim da primeira jornada do campeonato, depois de ter entrado no ano anterior para o lugar de Ronald Koeman. 

Mas se a vida em Portugal não lhe corria como desejava, já na Grécia a fama crescia com os anos. Tanto assim foi que chegou a selecionador nacional do país, tendo-o apurado para um Europeu – onde foi eliminado nos quartos de final – e para um Mundial, onde alcançou os oitavos de final.

Quando herdou em 2014 a seleção portuguesa das mãos de Paulo Bento, Santos apurou Portugal para o campeonato da Europa onde haveria de protagonizar a grande surpresa do torneio ao sagra-se campeão, vencendo na final a equipa anfitriã, a França. Católico profundo, o treinador português não deixou de citar a Bíblia, na hora da vitória. Fernando Santos havia vaticinado antes do campeonato que só voltaria a Portugal depois do jogo da final, tendo sido o primeiro treinador português a usar um discurso tão moralizador e que conseguiu conquistar os jogadores e adeptos. Esta semana foi considerado pela Federação Internacional de História e Estatística o melhor selecionador do mundo. Para fechar um ano em beleza, com ou sem sorrisos na cara.