Governo. Financial Times fala em expetativas superadas, mas deixa alertas

Jornal britânico escreve que António Costa teve um desempenho acima das previsões.

Governo. Financial Times fala em expetativas superadas, mas deixa alertas

O “Financial Times (FT)” publicou ontem um artigo de rescaldo sobre o primeiro ano de mandato de Governo em que conclui que as expectativas foram superadas, mas que há opções políticas que poderão não ser as mais indicadas.
De acordo com o jornal britânico, o primeiro-ministro tem “indubitavelmente registado um desempenho que superou as previsões iniciais para o seu governo de minoria socialista” que, lembra o influente diário, “depende dos votos parlamentares dos radicais do Bloco de Esquerda e do rígido Partido Comunista”.

Apesar do ceticismo de oposição, credores internacionais, mercados financeiros e agências de rating, “a aliança anti-austeridade” manteve-se firme.

Segundo o jornal, as expetativas de que esta “parceria  improvável ia falhar” eram tão altas que a sobrevivência de Costa até um “segundo ano no cargo” é uma surpresa para a “maioria dos críticos”.

O “FT” lembra que o governo já consegui que dois orçamentos tivessem luz verde de Bruxelas, evitou sanções da Comissão e deverá apresentar um défice abaixo de 3% “o mais baixo em 42 anos de democracia” e “um dos melhores resultados do Sul da Europa”, como diz o próprio primeiro-ministro.

O jornal revela ainda que Fundo Monetário Internacional ou Comissão Europeia consideram que a capacidade do Executivo para cumprir as metas orçamentais prende-se com o congelamento de despesas, por exemplo na Saúde ou na Educação.

O diário cita depois o economista-chefe da Berenberg, para quem a devolução dos salários no setor público, a redução das horas laborais ou a reposição de feriados e das pensões é uma má opção política. 

Investimento “Infelizmente, esta é a forma errada para atrair investimento suficiente para colocar a economia a crescer a um ritmo próximo de Espanha”, diz Holger Schmieding.

Ainda assim, analisa o “FT”, nem mesmo a pressão da esquerda para reestruturar a dívida ou endurecer as leis laborais tem assustado as grandes companhias estrangeiras, incluindo a Volkswagen, a Continental e a Bosch [todas alemãs], que aumentaram o seu investimento”. O jornal recorda ainda a queda no desemprego — de 12,6% para 10% — e a criação de 90 mil empregos. 

“Um ano depois, Costa goza de uma opinião pública que outros líderes europeus de centro-esquerda apenas podem sonhar”, diz o diário.