O “Financial Times (FT)” publicou ontem um artigo de rescaldo sobre o primeiro ano de mandato de Governo em que conclui que as expectativas foram superadas, mas que há opções políticas que poderão não ser as mais indicadas.
De acordo com o jornal britânico, o primeiro-ministro tem “indubitavelmente registado um desempenho que superou as previsões iniciais para o seu governo de minoria socialista” que, lembra o influente diário, “depende dos votos parlamentares dos radicais do Bloco de Esquerda e do rígido Partido Comunista”.
Apesar do ceticismo de oposição, credores internacionais, mercados financeiros e agências de rating, “a aliança anti-austeridade” manteve-se firme.
Segundo o jornal, as expetativas de que esta “parceria improvável ia falhar” eram tão altas que a sobrevivência de Costa até um “segundo ano no cargo” é uma surpresa para a “maioria dos críticos”.
O “FT” lembra que o governo já consegui que dois orçamentos tivessem luz verde de Bruxelas, evitou sanções da Comissão e deverá apresentar um défice abaixo de 3% “o mais baixo em 42 anos de democracia” e “um dos melhores resultados do Sul da Europa”, como diz o próprio primeiro-ministro.
O jornal revela ainda que Fundo Monetário Internacional ou Comissão Europeia consideram que a capacidade do Executivo para cumprir as metas orçamentais prende-se com o congelamento de despesas, por exemplo na Saúde ou na Educação.
O diário cita depois o economista-chefe da Berenberg, para quem a devolução dos salários no setor público, a redução das horas laborais ou a reposição de feriados e das pensões é uma má opção política.
Investimento “Infelizmente, esta é a forma errada para atrair investimento suficiente para colocar a economia a crescer a um ritmo próximo de Espanha”, diz Holger Schmieding.
Ainda assim, analisa o “FT”, nem mesmo a pressão da esquerda para reestruturar a dívida ou endurecer as leis laborais tem assustado as grandes companhias estrangeiras, incluindo a Volkswagen, a Continental e a Bosch [todas alemãs], que aumentaram o seu investimento”. O jornal recorda ainda a queda no desemprego — de 12,6% para 10% — e a criação de 90 mil empregos.
“Um ano depois, Costa goza de uma opinião pública que outros líderes europeus de centro-esquerda apenas podem sonhar”, diz o diário.