Nas Bocas do Mundo – Kim Jong-il

Depois de Kim II, Kim III – pelo menos, é o que se presume.

no teatro de sombras que é a cúpula política da coreia do norte, nada é indesmentível excepto isto: a agência de notícias de pyongyang anunciou que delegados do partido do trabalho se reunirão em conferência no dia 28, terça-feira, para escolher os «órgãos da direcção suprema».

a partir daqui, tudo são suposições. e a que tem maior cotação é que a reunião poderá formalizar o lançamento de kim jong-un, o filho mais novo de kim jong-il, como seu sucessor designado, tal como jong-il sucedeu ao pai kim il-sung (1912-1994), fundador do estado comunista. será a continuação da dinastia na nação apodada de ‘primeira monarquia comunista’ do mundo.

o líder supremo (é a designação constitucional de kim jong-il) consegue assim reunir a primeira conferência do partido desde que assumiu o poder em 1994 – a anterior, em 1980, servira precisamente para o promover a sucessor designado. num país em que vigora o mais bizarro culto da personalidade, não houve iniciativa semelhante para enfrentar as fomes que dizimaram a população nos anos 90, ou o braço-de-ferro com os eua e a onu em torno do programa nuclear, ou a persistente tensão armada com a coreia do sul.

quanto a kim jong-un, pouco se sabe além de ser o favorito do pai, nascido da sua terceira mulher, já falecida. ao contrário de jong-il, não foi educado desde pequeno para sucessor. diz-se que estudou em berna, na suíça, sob outra identidade, mas há quem duvide. e nem sequer é seguro que as duas fotos que o mostram em adulto sejam mesmo dele. talvez agora ganhe rosto definido.

frederico carvalho