na comparação com outros países periféricos do sul da europa, portugal não sai bem da fotografia. de acordo com dados reunidos pela economista-_-chefe do bpi, cristina casalinho, e analisados pelo sol, é o país que apresenta o pior desempenho orçamental.
até julho, portugal já atingiu um défice de 4,3% do pib, quando a meta para o conjunto de 2010 é de 7,3%. ou seja, portugal já utilizou 59% da ‘folga’ orçamental prevista. em espanha este número é de apenas 30%, e na grécia e na irlanda de 55%.
de acordo com o boletim de execução orçamental mais recente, já com dados de agosto, percebe-se que só no subsector estado a despesa está a crescer a um ritmo de 2,7%, bem acima dos 0,8% previstos para o conjunto do ano. o governo argumenta que há um abrandamento face aos meses anteriores e que as medidas de contenção da despesa do pec vão começar a sentir-se sobretudo a partir de setembro. mas as dúvidas adensam-_-se e a própria comissão europeia quer que o executivo de lisboa pormenorize medidas adicionais de contenção orçamental no orçamento do estado para 2011.
os espanhóis têm feito um grande esforço para dar boas notícias aos mercados. em julho, anunciaram que o défice da administração central caiu para metade. e logo em agosto, os bancos espanhóis passaram a conseguir financiar-se junto de outros bancos, como noticia o confidencial desta semana.
em portugal, tal ainda hoje não acontece. o banco central europeu continua a ser a tábua de salvação da instituições financeiras lusas e paira a nuvem de até quando os bancos terão activos para entregar como garantias para conseguirem ir bater à porta de jean-claude trichet a pedir crédito.
os gregos, que pediram auxílio ao fundo monetário internacional e à comissão europeia, comprometeram-se com um défice de 9,3% no final de 2010 e até julho o seu défice já estava nos 5,1% do pib. mas a grécia já tem o juro para o seu financiamento garantido nos próximos três anos, não precisando de ir ao mercado buscar dinheiro. portugal não. tem de convencer os investidores de que vai ser capaz de pagar a dívida e pôr a economia a crescer.