enquanto o partido do governo insiste que a situação da despesa está controlada, passos coelho – que arrisca vir a merecer a alcunha de ‘picareta’ em tempos dada a guterres – defende agora que o oe não é o que mais importa.
o que conta, diz o candidato a primeiro-ministro, é que o governo mostre quanto e como já cortou no âmbito do pec ii.
como acontece sempre em casas onde falta o pão, todos ralham e ninguém tem razão. se a situação estivesse plenamente controlada, o governo não cortaria nas comparticipações dos medicamentos, por exemplo.
e se o oe não fosse realmente relevante, nem cavaco nem, sobretudo, a comunidade internacional insistiriam na necessidade de se garantir a sua aprovação. neste ‘jogo’, sócrates não quer dar a mão a passos. e passos não quer entregar o jogo a sócrates.
o oe é fundamental, porque vai revelar de que modo portugal pensa recuperar a credibilidade junto dos mercados, evitando a humilhação – e as consequências – de ter o fmi no terreiro do paço a espreitar por detrás dos ombros do ministro das finanças.
e o acordo é fundamental, porque sem ele não há oe. sócrates e passos estão a mostrar aos portugueses que podem ter vias diferentes para atingir o mesmo fim, mas são, afinal, mais parecidos do que aparentam: ambos são teimosos para lá do razoável.
e ambos pensam no mesmo: ter poder. os portugueses podem, por isso, temer o pior. sócrates e passos são duas faces da mesma moeda.