agora, nalguns casamentos, pedem para oferecermos dinheiro em vez de um presente. fica mal dar antes uma coisa para a casa?
gabriela louro
reconheço, como a leitora, que o cheque, a transferência, ou mesmo o envelope com dinheiro, é uma coisa pouco elegante e impessoal. faz-me sempre lembrar os casamentos dos filmes d’ o padrinho, em que os mafiosos atiravam aos noivos envelopes gordos de notas. que – somos obrigadas a reconhecê-lo – eles deviam agradecer muito mais do que um frappé ou mesmo uma salva de prata. com o dinheiro no bolso, logo comprariam o frappé ou a salva, se quisessem, ou alguma coisa que ainda quisessem mais.
a lista de casamento, que se vulgarizou há muito entre nós, como um sucedâneo dos dotes, não deixa de ser também impessoal. uma vez, a um amigo íntimo, resolvi sair da lista, para dar um presente mais pessoal. mas ele, apesar de amigo e de íntimo, disse-me que trocara o presente por uma coisa da lista, que lhe fazia mais jeito. aprendi. ao menos, o dinheiro não se troca.
mas, se a tradição vem do dote, o melhor é mesmo alinhar com a necessidade dos noivos. agora, quanto a elegância, ocorre-me uma prima que, quando se casou, deu o número de uma conta de beneficência de uma ong e pediu que transferíssemos para lá o dinheiro que tencionássemos destinar ao presente do casamento.
nos tempos que correm, no entanto, estas elegâncias, como outras, são cada vez mais raras. portanto, leitora, se lhe pedem, feche os olhos, faça a transferência e desabafe contra a falta de elegância desta gente de quem somos amigos.
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