de acordo com um estudo realizado pela oms, as novas curvas de percentis mostram que há um aumento de cerca de 50% de casos de excesso de peso e um decréscimo de 11% de casos de peso baixo em relação à avaliação feita pelo national center for health statistics (nchs), que ainda é usada.
«a oms estimou que, em relação a 2005 e segundo as curvas nchs, 3,8% das crianças até aos cinco anos tinham excesso de peso e 20,6% estavam abaixo do peso [ideal]. em 2009, repetiram-se as análises com mais inquéritos baseados nas novas curvas e concluiu–se que, no mesmo ano, 5,8% das crianças tinham excesso de peso e 18,3 % estavam abaixo», refere ao sol elaine borghi, do departamento de estatística daquela entidade.
na europa, países que possuíam os seus próprios modelos de avaliação já adoptaram as recomendações da organização mundial – reino unido, holanda, dinamarca e bélgica. e em frança espera-se apenas a impressão dos boletins individuais de saúde com as novas tabelas.
«é uma transição que leva tempo», diz mercedes de onis, responsável há dez anos pelos estudos sobre crescimento na oms .
em portugal, «o assunto está a ser discutido e não existe decisão concreta», informou ao sol fonte oficial da direcção-geral da saúde.
actualmente, são usadas as referências do center for disease control and prevention, que foram construídas em parte com base na amostra que serviu as do nchs, na década de 70.
o facto de nos últimos anos a estatura das populações ter aumentado é também «um dos vários motivos que levaram a considerar desejável a construção de novas curvas de crescimento», lembra o pediatra antónio guerra, presidente da sociedade portuguesa de pediatria.
ao adoptar-se os novos percentis passar-se-ia a medir o índice de massa corporal (imc) desde os 0 meses, quando agora apenas se faz essa medição a partir dos dois anos.
de onis assegura que é «o melhor indicador para avaliar o peso, o excesso de peso e a obesidade infantil».
este é um dos «mais importantes» problemas no crescimento e que pode vir a ser reduzido com as novas curvas que mostram, entre outros dados, que as crianças avaliadas pelo modelo antigo serão consideradas mais magras do que quando submetidas à nova avaliação internacional.
«em especial a partir dos sete meses de idade pode haver diferenças significativas entre os valores registados», revela elaine borghi.