Dar show com hip-hop em Gaia

«Dançar não é só para meninas». Apesar de estar em minoria, Gustavo não se intimida. No final de mais uma aula de estilos livres, ainda com o corpo eléctrico, conta o que o levou para a Academia Pedro Sousa, em Vila Nova de Gaia: «Eu estava sempre a dançar e a minha mãe inscreveu-me aqui».

um ano mais velha, sara, de 11 anos, quer «ser professora de dança!». os dois formam par nas danças de salão mas preferem o hip-hop. «tem mais movimento e a música é mais fixe!», dizem.

francisca, de oito anos (a mais nova do grupo), gosta «da música da shakira». francisco já experimentou diferentes estilos: «já pratiquei danças de salão e é mais difícil porque temos que manter sempre a postura e não estamos sozinhos». só as fatiotas os convencem: «as vestes das danças de salão são muito mais bonitas».

juntos, gustavo, sara, francisca e francisco dançam há quase um ano e já experimentaram quase todos os estilos na aula conduzida por cristina leal. «abordamos todo o tipo de danças mas cada trimestre incide mais num estilo», explica a ex-competidora de danças de salão. a cada três meses surge o palco. «fazemos vários espectáculos. temos até um grito de guerra inicial: ‘vamos dar show‘!», revela.

a música apologize, do grupo onerepublic, marca o ritmo da primeira coreografia. os passos estão já ensaiados, embora cristina denuncie o sono e a preguiça de alguns: «não é só esforçarem-se nos dias dos espectáculos. toca a mexer!», diz enquanto alinha meia dúzia de elementos.

em frente ao espelho, silenciosos e concentrados, vão ajustando a matemática dos passos, imaginando a história e interiorizando as personagens. «atenção à coluna que tem que estar em linha. têm de saber qual o vosso lugar. vamos agora agarrar a corda. atenção, dedo no ar, imaginem a luva que vai calçar as vossas mãos», orienta a professora.

com música, a coreografia flui em movimentos firmes coordenados com as diferentes partes do corpo. o que diferencia o hip hop de outros tipos de dança é o freestyle (improvisação). a professora distingue as duas técnicas de base: o popping e o locking.

o primeiro era usado por michael jackson e baseia-se no movimento rápido de contracção e relaxamento dos músculos para causar um empurrão. um pop equivale a uma batida no corpo. e o locking, mistura de funk e dança de rua, hoje é associado ao hip-hop, baseia-se em movimentos rápidos e distintos de braço e mão combinados com movimentos mais relaxados de quadris e pernas. inclui movimentos acrobáticos e fisicamente exigentes.

mas dançar hip hop não é fácil como parece: «não basta decorar a coreografia e saber contar os passos, é preciso interpretar a música», sublinha cristina.

fundada em 1995, a academia pedro sousa começou por ensinar karaté, sete meses depois juntou-se ao programa as danças de salão por influência do proprietário que já praticava.

treze anos mais tarde, a academia lançou um projecto promovendo o ensino de danças de salão a crianças entre os sete e os 12 anos. o número de bailarinos levou ao surgimento de mais estilos de dança. nas salas de aula o talento revela-se e, muitas vezes, começam aqui a dar-se os primeiros passos de uma carreira promissora. e tu, achas que sabes dançar?

academia pedro de sousa

rua norton de matos, 628 esq.
gulpilhares – vila nova de gaia 

tel. 227 539 673

4.ª 19h-20h e sáb. 10h-11h (7-12 anos)
sáb. 12h-13h (3-6)