a ideia era excelente: o que perguntaria a uma estrela do heavy metal alguém que está habituado a estabelecer um diálogo de intimidade com os clientes, mas que o faz sem outro objectivo que não seja o de ter uma boa conversa?
conversas no cabeleireiro, o programa que a realizadora solveig nordlund filmou para a rtp2 (exibido aos domingos), parte de uma ideia em tudo coincidente. nordlund sentou no cabeleireiro de odete machado cinco mulheres de áreas diferentes, e tentou a partir daí extrair um retrato distinto daquele a que estamos habituados. no primeiro caso, talvez por ser o primeiro e mais mediático, foi pouco surpreendente a entrevista a ana bacalhau, dos deolinda, e dá a ideia de que a d. odete nem terá tido direito a fazer uma perguntinha. o cabeleireiro parecia mais cenário do que outra coisa.
mas ao segundo, com a bailarina leonor keil, nordlund corrigiu o tom, permitiu à d. odete um par de perguntas sem rede, sendo mais fiel a uma conversa que conduza a rumos menos esperados. ainda assim, e por o programa implicar também um registo de reportagem ao acompanhar a entrevistada no seu dia-a-dia, perde-se alguma da intimidade que prometia. fica um pouco aquém, mas não compromete a boa proposta original.
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