Resultado Líquido

O Orçamento está, finalmente, aprovado na generalidade, depois de dois dias em que os deputados – e o Governo – brindaram o país e o Mundo com mais um lamentável conjunto de acusações mútuas, demagogias e sound bytes.

o país real, farto deste oe que ainda nem está em vigor, cansado destes políticos que há décadas mais não fazem, na sua maioria, do que servir os seus partidos e os seus interesses, pouco ligou. mas, lá fora, essa entidade abstracta chamada ‘mercado’, não deixou de ‘cobrar’, elevando os juros da dívida, num sinal de que, se nada muda a bem, tudo muda a mal.

na verdade, o debate parlamentar reflecte um dos problemas que mais tem prejudicado portugal: a falta de bom senso na classe política, como ricardo salgado lembrou esta semana. o problema, disse o ceo do bes, é que «temos por hábito perder muito tempo com coisas essenciais para o país».

nas últimas semanas temos perdido tempo a discutir um acordo que era para não ser mas foi, agora perdemos tempo a fazer show no parlamento, e segue-se nova perda de tempo, com previsíveis discussões vazias, em sede de especialidade. enquanto se perde tempo não se vai ao que interessa, que é trabalhar e pôr o país em ordem. os portugueses já não ligam. mas os mercados não vão perdoar.

é por isso que faz sentido pedir aos políticos que façam mais e, sobretudo melhor. sócrates garantiu, em entrevista à tvi, que faz o mesmo que 10 milhões de portugueses: «dar o seu melhor». terão o primeiro-ministro e quem nos governa há décadas dado mesmo o seu melhor? claro, e o pai natal existe. é que se o melhor é o que temos tido, é caso para dizer que queremos mais. este melhor, definitivamente, não nos chega.

ricardo.d.lopes@sol.pt