BES África poderá ter parceiros africanos

Após a entrada, em termos a definir, do Bradesco e do Brasil na holding que agrupa negócios do BES _em África, Ricardo Salgado não descarta abertura do capital a sócios do continente, incluindo angolanos

a bes áfrica, holding criada pelo bes – banco espírito santo para agregar as participações em instituições financeiras no continente africano, pode vir a ter, num segundo momento, parceiros africanos.

«nesta fase isso não acontecerá, mas não quer dizer que esteja fechado», adiantou ao sol o ceo do bes, ricardo salgado, sublinhando, contudo, que «o bes será sempre maioritário».

por exemplo, no bes angola, onde detém mais de 51%, o bes tem como parceiros os angolanos da portmill – que entraram no capital do besa em dezembro de 2009 – e o grupo geni, ligado à filha do presidente de angola.

neste momento, o bes está a avaliar e a transferir todos os seus activos africanos para a nova sociedade – além do besa, detém 2,77% no banque marocaine, 40% no aman bank, da líbia, e ainda o bes cabo verde (ver infografia), entre outros– esperando-se que a operação possa estar concluída ainda em 2010.

«estamos a trabalhar para que a operação se possa fechar até ao final do ano, mas neste momento não podemos garanti-lo. ainda não temos o valor dos activos da bes áfrica completamente fechado».

além do bes, a bes áfrica conta contará com outros dois accionistas, o bradesco e o banco do brasil, com quem o banco nacional fez uma parceria em agosto para o continente africano.

a aliança visa, sobretudo, consolidar futuros investimentos das três entidades bancárias em áfrica, que poderão envolver a aquisição de participações noutros bancos ou o estabelecimento de operações próprias dos accionistas.

«no bes temos sido um exemplo de aglutinadores de outros países. tem a ver com a nossa capacidade, conhecimento e experiência, que não nos enfraquece, fortalece-nos. o bradesco vai trazer a experiência de grande branco de retalho, e o banco do brasil está mais na área do investimento, trazendo um grande contributo para a economia dos países africanos», disse ainda, à margem da apresentação de resultados trimestrais do bes, terça-feira.

no encontro com jornalistas, salgado aproveitou para reafirmar a importância das posições detidas pelo bes naquele que é denominado como ‘triângulo estratégico’ e que inclui a península ibérica, brasil e áfrica.

nos primeiros nove meses do ano o lucro do bes cresceu 12,4% face a igual período de 2009, para os 405,4 milhões de euros, um aumento em grande parte justificado pela actividade internacional.

até setembro, o resultado das unidades internacionais totalizou 166,2 milhões de euros, ou seja, mais 30,9% – ou 52,1% numa base comparável, caso se ajuste o resultado do bes angola – face a setembro de 2009, tendo em conta a participação actual do grupo – do que no ano passado, muito graças aos países do triângulo estratégico.

áfrica contribuiu com 65,4 milhões de euros, o brasil com 26 milhões e espanha com 10,3 milhões, levando ricardo salgado a afirmar que estes resultados provam que «o triângulo não é virtual». no total destas regiões, o produto bancário comercial subiu 46,2% e a contribuição para o resultado líquido foi de 41% (em junho era de 34%).

com ana serafim