Resultado Líquido

Com o resgate da banca irlandesa, Portugal e Espanha passaram a estar na mira do mercado, que parece estar absolutamente convicto de que a ajuda do FMI/UE é inevitável.

a questão, pelo menos em portugal, parece já não ser a de sabermos se vem, mas se aterra antes ou depois do natal. podemos discutir se é justo ou injusto, mas a verdade dói bem mais do que as taxas de juro.

ao estado, os mercados ainda vão emprestando, a taxas crescentes e, eventualmente proibitivas. quanto aos bancos, nada. ninguém lhes vale, a não ser o banco central europeu, que em breve começará a fechar as torneiras. e é por isso que, não tendo os nosso bancos os problemas dos irlandeses, poderão ser eles, sem querer, a desejar abrir a porta ao fmi.

na verdade, a banca nacional está sólida. mas o governo insiste em dar sinais contraditórios aos mercados e com isso prejudica gravemente as instituições financeiras. anuncia cortes nos salários das empresas públicas…. mas depois vacila.

apela ao investimento privado para fazer avançar a economia… mas comporta-se como um robin dos bosques quando as empresas decidem remunerar os accionistas. garante que está para durar…. mas depois admite, pela voz de ministros, que nada é eterno. com tanta contradição, nem os especuladores, esses ‘malandros’ que vivem a mil à hora, comprando e vendendo incansavelmente, podem deixar de se sentir zonzos…

bem mais focada esteve a polícia municipal de lisboa no dia da greve geral, fazendo justiça à máxima que dita que a desgraça de uns (quem quis ou teve de trabalhar e por isso foi forçado a usar carro) é o bem de outros (cofres autárquicos). multou, rebocou e bloqueou viaturas como se não houvesse amanhã. felizmente, há-de haver. que venha ele, e de preferência que cante.

ricardo.d.lopes@sol.pt