Bons filhos

De tempos a tempos, surge nos ecrãs uma série que, de tão inovadora e bem-sucedida, leva a uma explosão de cogumelos à sua volta.

replicam mais ou menos o modelo inicial, partilham algumas das premissas, tentando inventar um produto novo, se possível melhorando o original. não é novidade nenhuma que depois de ficheiros secretos o paranormal foi a ‘tendência’ a seguir, a partir de csi foi um ‘ver se te avias’ de investigações policiais cada vez mais mirabolantes, lost lançou a caça ao fantástico e aos saltos temporais, e sopranos – embora de uma forma menos óbvia – alterou consideravelmente a escrita para as séries dramáticas. de advogados e médicos nem se fala – há décadas que não têm descanso.

curiosamente, no universo das sitcom, uma das mais improváveis séries dos últimos anos alterou de forma extraordinária o que ultimamente nos tem sido servido no capítulo de cócegas para o cérebro. the office foi um autêntico óvni na televisão, ao inaugurar um registo próximo do documentário e valendo-se de um humor-limite, assente num certo desconforto provocado no espectador, em que a gargalhada quase pode soar a traição às personagens.

ricky gervais foi o génio por trás desta revolução que, curiosamente, gerou a sua melhor descendência nos estados unidos. depois de uma adaptação de the office menos dura para a televisão norte-americana, estrearam mais recentemente parks and recreation (set) e uma família moderna (fox life), que exploram a mesma lógica de documentário e de humor (embora mais alinhado) muitas vezes desconcertante. esta última, cuja segunda temporada arranca domingo, é actualmente a melhor garantia que temos de rir em frente à televisão, a partir de três excelentes caricaturas dos actuais modelos familiares.