Quente&Frio

Quem está ao QUENTE e quem está FRIO. A semana vista por Ricardo David Lopes.

quente…

vasco de mello

saber recuar é, muitas vezes, uma prova de bom senso e não de fraqueza, e foi isso que vasco de mello demonstrou, ao suspender os trabalhos de uma ag de accionistas que prometia deixá-lo – e ao grupo mello – em inferioridade perante a arcus e os restantes accionistas estrangeiros da brisa. a criação de uma task force para se chegar a um entendimento sobre onde e como investir após a saída do brasil foi a solução encontrada para que, na próxima sexta-feira, os accionistas não voltem a dividir-se, o que poderia ter como consequência a perda de controlo da empresa para mãos não nacionais.

dominique strauss-kahn

não deixa de ser irónico que o líder do fmi tenha feito um apelo à ue – união europeia, para que esta encontre uma solução global, e não casuística, para a crise económica e financeira que afecta boa parte dos seus países. a verdade é que a europa não consegue disfarçar as divisões profundas sobre como superar a falta de confiança em algumas das suas economias, o que demonstra que há muito a fazer para que a ue seja uma verdadeira união política e não uma associação de países que não consegue entender-se quando as coisas correm mal. os europeus mereciam mais.

….&frio

angela merkel

a chanceler alemã, que tem feito o possível para causar instabilidade nos mercados, encontrou finalmente o argumento burocrático que faltava para, em conjunto com a (por agora e de novo) ‘amiga’ frança, bloquear a criação de um organismo que emita dívida europeia: não está previsto nos tratados. merkel, como sarkozy, mostram, repetidamente, estar muito pouco interessados na ‘sorte’ dos mais pequenos, preferindo proteger os seus interesses. falta-lhes o estadismo dos fundadores da ceca, que por estes meses muitas voltas devem ter dado nos caixões.

eric cantona

o futebolista que um dia agrediu a pontapé um adepto de um clube rival protagonizou um dos mais patéticos episódios da crise. prometeu liderar uma revolução contra a banca, mas acabou, cordeirinho, a depositar de novo num banco o dinheiro que levantou de outro. é difícil entender a motivação da cantona. terá querido mostrar que tinha (pelo menos) 750 mil euros? que bom para ele! ou terá desejado apenas ter tempo de antena mundial? de facto teve, mas a verdade é que a ‘sua’ revolução não passou de uma anedota. há ideias e actos que, de facto, só merecem mesmo… um pontapé como resposta.