o casaco que ofereceram a laura no natal também não vai ficar muito tempo no armário. a jovem de 28 anos não gostou do modelo e estava só à espera dos saldos, que começaram oficialmente terça-feira, para o trocar e, com o mesmo dinheiro, trazer três ou quatro peças de roupa. «não é a primeira vez que o faço. acontece quase todos os anos, sobretudo com roupa», conta ao sol, explicando que tira partido do prazo de 30 dias para trocas.
é certo que muitos retalhistas se protegem deste tipo de esquemas, por exemplo reduzindo o período de trocas e devoluções a seguir ao natal ou extinguindo-o em época de saldos. ou escusam-se a devolver dinheiro, optando por dar vales que obriguem o cliente a consumir na mesma marca. em caso de substituição de um artigo por outro, apenas com cor ou tamanho diferentes, não entregam o diferencial do preço, mesmo que já esteja com descontos.
leve dois, pague um
mas também há empresas cuja política passa por restituir o valor pago – seja em dinheiro ou para o cartão multibanco – sempre que o cliente não fique satisfeito. ou situações em que é o próprio vendedor a lembrar ao comprador que quando vai a uma loja em saldos para trocar artigos adquiridos sem promoção, pode fazer mais compras até perfazer o gasto inicial. foi o que aconteceu a anabela, numa loja de roupa para jovens. queria trocar um par de sapatos e, por sugestão da funcionária, acabou por trazer uns ténis e um top. «fiquei surpreendida porque não sabia que tal podia acontecer», recorda.
«as empresas têm que manter os clientes. não podem dar-se ao luxo de delapidar a fidelização dos seus compradores. mesmo que nem todas aceitem todo o tipo de reclamações, geralmente fazem o que podem para satisfazer o consumidor», explica antónio rousseau, consultor e professor especializado em retalho.
entre os comerciantes, são conhecidos os vários truques dos clientes em períodos de promoções e saldos. mas garantem que casos como os relatados ao sol pelos consumidores (todos com nomes fictícios) são excepções. e a realidade é que, se há clientes que não os põem em prática por receio ou desconhecimento, também há lojas que fecham os olhos a esquemas para não perder clientes, sobretudo quando a crise está a travar o consumo.