‘marzïa’ em estreia internacional em Almada

marzïa, estreia internacional no teatro de Almada na terça-feira, é uma história sobre vidas destruídas, suspensas na fantasia da imaginação, à beira-rio, de frente para uma grande cidade, que é Lisboa, mas que podia ser o mundo todo.

a peça nasceu em 2007, fruto do encanto de uma viagem de cacilheiro entre lisboa e almada, quando a dramaturga francesa karin serres participava no projecto ‘partir en écriture’, promovido pelo théâtre de la tête noire.

na apresentação do cartaz do teatro municipal de almada (tma) para 2011, a autora contou a história: «a ideia do projecto era enviar autores de teatro para escrever em lugares que não conhecessem, para enriquecer o repertório do teatro contemporâneo e o tema era ‘o fim do fim do mundo’».

para karin, «o fim do fim do mundo é o mar e o fim do fim da europa era portugal». um dia – «era fevereiro, chovia» – atravessou o tejo de cacilheiro, encontrou o palco da sua história. apaixonou-se pelo lugar, sentiu «alguma coisa indescritível», fez nascer histórias naquele lugar. «são ideias inventadas, mas atravessadas pela atmosfera que daqueles dias», contou.

no texto, o encenador da peça, josé martins, «não há referências concretas a lisboa, a cacilhas, ou ao cais do ginjal. um leitor espanhol, francês ou russo que leia este texto não tem nenhum elemento que lhe permita situar a história. ela pode ser aqui ou em qualquer parte do mundo. mas, sendo eu de almada, quando li o texto situei-o imediatamente e lancei o desafio à karin».

no palco da sala experimental do tma vão estar, num cenário também da autoria de karin serres, acrescentou o encenador, «quatro personagens que vivem na margem de um rio, em frente a uma grande cidade, onde constroem um universo e um imaginário que é simultaneamente real e recriado. percebemos que essas quatro personagens têm passado mas não futuro, porque estão presas à memória desse passado».

«é uma peça forte sobre seres humanos presos a emoções, a vivências e a atmosferas que não os deixam seguir caminho. é uma história que vai ao fundo de nós próprios», disse.

karin serres disse ainda às cerca de 400 pessoas que assistiram à apresentação do programa do tma para 2011 que ver a peça estrear em almada, e em português, é como «fechar um ciclo»: «é formidável. é a primeira vez na minha vida que uma peça que escrevo vai ser estreada no local em que foi pensada e não em francês», afirmou.

marzïa está em cena no tma de 11 a 23 janeiro, de terça-feira a sábado, às 21h30.

sol/lusa