terça 28 e quarta 29
debate final, 6.º candidato, blindados e escutas
debate final. acordo quanto à excepcionalidade da dissolução da assembleia da república. com cavaco a dar mesmo a entender que compete ao parlamento efectivar a responsabilização política do governo. cavaco ao ataque, no início, sobre as criticas de alegre ao seu primeiro mandato. alegre a retorquir com casos pontuais. a meio, alegre a tentar atacar, ele, em temas como as escutas e o bpn. com cavaco a invocar esclarecimentos anteriores e declarações oficiais de rendimentos. e a contra-atacar contra a gestão do bpn nos últimos dois anos. no mais, nada de muito picante. nem mesmo a sugestão muito teórica de alegre de uns estados gerais para a justiça. em termos globais, debate bom para o presidente. que alegre teria de ganhar para recuperar pontos. e não ganhou… até porque cavaco fez as três manchetes da noite: não à dissolução sem deliberação do parlamento que ponha em causa a legitimidade do governo; alegre mentiu 50 vezes acerca do que é o pensamento do próprio cavaco; gestão de cgd-bpn tem de explicar a situação actual. acresce que cavaco falou mais para o povo e alegre mais para sectores politizados. em suma, não se terá alterado substancialmente o panorama anterior: vantagem de cavaco de 20% a 25% sobre o seu principal contendor. a quase três semanas das eleições, a vitória na primeira volta parece um dado evidente.
6.º candidato. e sempre há sexto candidato presidencial. josé manuel coelho, da madeira. e lá vai ficar prejudicado em debates. até porque, ou me engano muito ou comissão nacional de eleições e erc – esta, quanto à rtp – vão lavar as mãos, dizendo estar-se ainda em período pré-eleitoral. restar-lhe-á ir em magote a um ou dois debates a nove em plena campanha eleitoral…
contratos de associação. o governo recuou o necessário, no imediato. e cavaco promulgou. um fim, ao menos para já, feliz para uma história complicada? o presidente consegue acabar o seu mandato sem vetar nenhum diploma legal do governo. e garante supressão da anualidade. mas como ficará mesmo o montante do financiamento?
perguntas interessantes de telespectadores, enviadas para o programa da tvi. porquê não limitações a despesas de representação de governantes. porquê não interdição de os subsídios estatais pagarem multas aplicadas a dirigentes partidários por incumprimento da lei das finanças partidárias. porquê achar-se pouco grave o registo de cauções e depósitos em processos judiciais como receitas extraordinárias. interessantes e, porventura, indicadores de como vai a vida colectiva em portugal…
blindados. aconteceu o que todos viram antes, menos o governo. os blindados vão parar a outro lado. ao que se lê, a uma empresa de segurança. quem sabe se é mais capaz do que o estado português a lidar com esses contratos…
portugal e euro. depois de declarações a mais de governantes eslovaco e francês, a acalmia momentânea. e aqui barroso e cavaco têm razão: barulho a mais é contraproducente…
leilões da dívida pública. entre 13 e 15 vão efectuar-se, só no primeiro trimestre de 2011. num total superior a 10 mil milhões de euros. é obra…
escutas. do processo face oculta. a procissão ainda vai no adro? veremos a seu devido tempo.
inquérito. afinal, sempre há inquérito por causa do caso freeport. contra procuradores e cândida de almeida. e persiste a vaga sensação de que pinto monteiro, às vezes, parece ter vocação para atear incêndios que terá de apagar.
quinta 30
azevedo soares, orçamento e liceu passos manuel
eduardo azevedo soares. terminou um mês e meio galopante que os familiares e amigos acompanharam, diariamente, com crescente tristeza. e sucedeu-lhe a saudade de anos de convívio com o seu conselho inteligente, amadurecido, sensato, com a sua maneira muito própria de conjugar uma formação conservadora com um espírito prospectivo, com o seu estilo feito de aparente distanciamento mas intensa afectividade, com a sua teimosa resistência à demagogia, ao populismo, ao mediatismo, à simplificação das mensagens, à desritualização das instituições, à banalização das relações pessoais. alguns nunca compreenderam como ele era. e achavam-no ultrapassado, obstinado, ensimesmado, teórico sem ligação à realidade, especulativo incapaz de sentir ou de agir. e, no entanto, conhecido de mais perto, era o contrário de tudo isso: solidário, sensível, persistente nas ideias mas generoso para com pessoas e situações, realista a avaliar os factos e a ponderar como lidar com eles.
marques mendes. devo ao seu grande amigo luís marques mendes o ter podido conhecê-lo de muito perto, a partir de 1996. como vice-líder parlamentar, era eu líder do psd. vezes sem conta, com eles jantei ou os tive no meu gabinete em conversas que iam até às três da manhã ou mais. à saída de uma delas, do carro em que regressava a casa, eram quatro da madrugada, falei a marques mendes preocupado: parecia-me que azevedo soares estava com aspecto de iminente ataque cardíaco. e assim foi, infelizmente, nessa mesma noite. depois, não mais pararia o convívio e a amizade que dele nascera. estar com ele – como estive, noite fora, ainda não há muito tempo, em casa de marques mendes – era um prazer intelectual e, mais do que isso, um tempo humanamente gratificante. crente que sou, tenho a certeza de que deus nosso senhor jamais cometeria o erro de dispensar, por uns instantes que fosse, a agudeza de um juízo seu. daqueles que não deixará de continuar a formular, no além, acerca deste portugal que amava mesmo quando se desesperava dos seus rumos, e que, como bom militar, queria defender todos os azimutes mesmo quando duvidava da competência e da integridade de muitos que se apresentavam como seus guardiões.
oe promulgado. caminho aberto ao teste decisivo para o governo. e, de alguma forma, ao menos em parte, para portugal.
silicolife. acaba de vencer o concurso ‘atreve-te 2010’, destinado a premiar o empreendedorismo e novas ideias por estudantes e recém-formados. com um trabalho em bioinformática e biologia de sistemas, realizado por investigadores do centro de ciências e tecnologias da computação e do centro de engenharia biológica da universidade do minho. liderados por simão soares, que concluiu, recentemente, o mestrado em bioinfor- mática naquela universidade. um sinal promissor para o futuro…
passos manuel. festejos dos 100 anos no novo edifício. e 175 desde a fundação. almoço de antigos alunos a 9 de janeiro. com concerto da orquestra de câmara portuguesa a seguir. a 10, concerto da banda da psp, de manhã. e lição de honra de adriano moreira, ao começo da tarde. mais filme porquê?, concerto de banda rock do 12.º-c e lanche. e ainda exposições e vídeos históricos, mostras, mais cinema, teatro, desporto e por aí além. aqui fica a chamada de atenção aos passos manuelistas.
simpatia. se puder, lá estarei no dia 10. não por ser da família do passos manuel – sou nónio, isto é, do pedro nunes, mas meu pai lá andou na década de 30 do século xx. ou melhor, lá fez todo o liceu, guardando desse tempo as melhores recordações. a começar no reitor josé saraiva e nos seus filhos e contemporâneos de meu pai. nomeadamente, antónio josé saraiva e josé hermano saraiva. e adriano moreira foi seu condiscípulo num ano lectivo. como o foram, por mais tempo, domingos pereira de moura e jorge borges de macedo. logo, para nós, antónio, pedro e eu, todos do pedro nunes, o nosso segundo liceu é o passos manuel…
sexta 31
balanço do ano, bpn e campanha
2010 pessoal. balanço razoavelmente bom. faculdade em clima positivo quanto a docência e fim de mandato na presidência doconselho pedagógico, assim como missões em angola e moçambique. razoável quanto a panorama global e relações com pares. com adiamentos noutras vertentes. outra actividade académica em provas, concursos e cursos ou intervenções pontuais em escolas que não a minha também positiva. tal como compromissos múltiplos cá dentro e lá fora, em palestras ou conferências. na comunicação social: velocidade cruzeiro neste blogue no sol; saída da rtp, com saudades da casa e, muito em especial, de maria flor pedroso; mas regresso à tvi e magnífica recepção da casa e dos telespectadores, além de reencontro promissor com júlio magalhães. na actividade parecerística: ano marcado pela prolongada crise económica e financeira. isto, fora o essencial – saúde, optimismo e fé.
2010 familiar e de amigos. família com muitas chegadas – de sobrinhos netos – e partidas sempre dolorosas. estas últimas mais patentes nos amigos. valendo a fé para dar sentido a padecimentos e mortes muito inesperadas. já no final do ano, a perspectiva do regresso da família à sua tradição de separação entre os dois lados do atlântico. é não esquecer que, pelos brasis, andaram, longos anos, avô paterno, pais, irmão pedro, filho e nora, na altura ainda sem crianças. o ano de 2011 assistirá ao reatar dessa tradição…
bpn. eu que, desde tempos imemoriais, tive a oportunidade de ver um parecer meu contribuir para desfeitear, em tribunal, oliveira costa, então hiperpoderoso, e, na televisão como aqui, fui implacável quanto à responsabilização da sua gestão no bpn, estou muito à vontade para repetir o que, num como noutro sítio, já disse: além de ter de se fazer justiça exemplar relativamente ao bpn antes de 2008, é essencial que alguém venha explicar aos portugueses o que foi a gestão em 2009 e 2010, o porquê dos caminhos seguidos para as privatizações falhadas e as soluções alternativas a mais 500 milhões metidos no banco no ano que está a começar.
nada de surpreendente. embora seja pena que uma campanha presidencial se centre apenas sobre o tema bpn, não é surpreendente. há semanas que era visível – e eu sublinhei-o na tvi, a 26 – que a consolidação da vitória na primeira volta, visível em todas as sondagens, iria levar os principais adversários de cavaco para a inevitabilidade do ataque personalizado e que esse tema era o escolhido para o efeito. ponto é que a eficácia dos ataques depende da convergência com a visão do eleitorado acerca do visado. e se há políticos difíceis de acusar, com aceitação popular, de desonestidade pessoal, um deles é cavaco. se fosse eu a ter de o atacar politicamente, teria escolhido outro caminho…
sábado 1 e domingo 2
cavaco, dilma e paulo marques
cavaco. mensagem de novo ano curta, cuidadosa. mas com referência à crise, à pobreza, ao desemprego e à exclusão. e com profissão de confiança na capacidade colectiva para vencer os desafios colocados. nitidamente, preocupação de não criar casos em tempo pré-eleitoral sem, contudo, recuar nos diagnósticos preocupantes.
dilma. discurso curto na posse. e abrangente, quer no combate à pobreza, quer na abertura aos adversários. dizendo mesmo que ninguém aperta a mão de ninguém de punho cerrado. início de dois mandatos de dilma ou interlúdio para mais dois mandatos de lula? ou outra coisa diversa? daqui a quatro anos se verá…
paulo marques. dez dias volvidos sobre o jantar de natal em que insistiu em reunir os seus amigos, tal como nos 24 anos anteriores, deixou-nos, com aquele mesmo sereno estoicismo com que viveu os últimos meses. sem nunca exteriorizar o que estava a sofrer. só alguém muito especial teria tido tal insistência, sabendo o que sentia e como se avizinhava o instante da partida. e confesso que as linhas que aqui dediquei a esse jantar, na passada semana, foram das mais difíceis que escrevi em 40 anos de lides jornalísticas, dividido como estava entre o que sabia ser a despedida e a esperança secreta de que ele ainda lesse essas linhas e o testemunho de amizade e de apreço pessoal, cívico e profissional que retratavam. evitando que a intuição de último encontro pudesse transparecer do que ficava escrito. em suma, mais um bom amigo que avança para a eternidade. e a sensação acrescida de que esta vida é apenas a primeira parte de um processo que continua,ou culmina, na razão de ser deste percurso preambular. só mais uma recordação de 21 de dezembro: à mesma mesa, ouvido atentamente por dois amigos, paulo marques comentava, a meia voz, enquanto discretamente ocultava os seus males, que o grande problema nacional era o da irresponsabilidade política. ninguém respondia por nada em portugal. a mensagem fica entregue. um dia, esperemos que breve, isso deixará de ser o pão-nosso de cada dia da política nacional…
conselho de segurança. começo do mandato como membro por dois anos. bom ensejo para portugal potenciar essa inequívoca vitória política externa…
cgd. mais 550 milhões de aumento de capital. e venda de posição na edp à parpública. capital precisa-se.
arnaldo mesquita. defensor corajoso de presos políticos. deixa memória de constante resistência antiditatorial antes de 1974.
